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Para quem tem idade acima da média e conhece a História moderna, mesmo superficialmente, é hoje muito claro que o projecto da União Europeia abortou. Tal projecto foi uma gravidez ectópica, ou mais do que uma, configuradas na adesão de países como a Grécia, Irlanda, Portugal, e mesmo a Espanha. A imagem simbólica, ou icónica, de tal aborto é a do Primeiro-Ministro de Portugal, chamado a Berlim para dar explicações à Senhora Merkel, sendo que a Alemanha não tem neste momento qualquer papel na estrutura dirigente da União – é só contribuinte líquido e isso chega. Não há qualquer preocupação com a dignidade de um “parceiro” do projecto, nem prurido com a tão badalada solidariedade entre estados. Mesmo assim, o Primeiro-Ministro de Portugal apressou-se a responder à convocação da Chanceler para uma audição de meia hora (!!!), fazendo-se acompanhar do contabilista oficial do reino e de meia dúzia de papéis com números marados, em tentativa infantil de impressionar a Senhora.
Quando se chega a este ponto, pergunta-se o que é hoje, afinal, a União Europeia. E a resposta é de que se trata de uma instituição em desagregação, por incluir estados responsáveis, com pergaminhos históricos de boas práticas, e estados salta-pocinhas e pindéricos, que não respeitam compromissos assumidos, tentam sonegar o seu incumprimento, como fez a Grécia e estará a fazer Portugal, e pedem depois, em nome de uma solidariedade que não praticam, a compreensão dos restantes. Não dá! É como o condómino que não paga o condomínio e espera ter os elevadores e a iluminação das áreas comuns a funcionar, em nome da solidariedade dos condóminos que pagam.
Portugal entrou num projecto fascinante da Europa e só o facto de ser admitido devia fazê-lo assumir com brio as obrigações com que se comprometeu. Mas a falta de classe tem muita força: somos um País de pilha-galinhas cheios de prosápia balofa. O resultado está à vista: Zézito é Primeiro-Ministro há seis anos, a Pátria afunda-se e, não tarda muito, seremos dos primeiros a ser empurrados para fora da Europa. Digo dos primeiros porque, em matéria de falta de classe, ainda somos ultrapassados pelos gregos. Por enquanto.
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