segunda-feira, 14 de março de 2011

FUKUSHIMA

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Penso que o terramoto, o tsunami e a situação nos nossos reactores nucleares constituem a pior crise em 65 anos, desde a guerra.
Naoto Kan, Primeiro-Ministro do Japão
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Até à Sexta-Feira passada, o lóbi nuclear nos Estados Unidos atravessava um momento de euforia. Sob pressão das consequências ambientais e económicas da dependência dos combustíveis fósseis, havia-se gerado consenso alargado de que a energia nuclear era alternativa aceitável. Tal consenso envolvia o Presidente Obama,  a maioria dos membros democratas e republicanos do Congresso, e até importantes movimentos ambientalistas. A ideia de que, com excepção da ausência de solução satisfatória para o destino a dar ao lixo atómico das centrais, a energia nuclear seria a mais eficaz das alternativas aos combustíveis fósseis, com riscos diminutos, ia fazendo carreira. A técnica evoluiu muito desde o desastre de Three Mile Island há mais de 30 anos, e os sistemas de segurança, levados até à redundância, incluindo situações sísmicas, eram tranquilizadores.
A verdade é que no Japão, País tecnicamente exemplar, uma central cheia de redundância na segurança, incluindo o tal risco sísmico, explodiu e lançou no ambiente material radioactivo, obrigando à evacuação de muitas dezenas de milhares de pessoas, estando ainda por conhecer as consequências do acidente no presente e no futuro.  
Obama incluiu no orçamento dos Estados Unidos 36 mil milhões de dólares para a construção de centrais nucleares, com o raciocínio de que não é possível conseguir solução aceitável para as consequências do consumo de energia actual se o nuclear não for considerado. Isto é, estamos entre a espada e a parede; ou melhor ainda, estamos entre o mau e o péssimo.
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