domingo, 13 de março de 2011

MENTES DELIRANTES

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Os mercados já pedem a Portugal uma absurda taxa de 8% por juros a 5 anos, porque não acreditam que o País consiga pagar as contas. E visto de uma forma crua o mercado tem razão. Um País em recessão com uma dívida pública real próxima de 115% do PIB (inclui dívida do Estado, das empresas públicas, custos assumidos das parcerias público-privadas) não consegue honrar os compromissos.
Isto escreve hoje Armando Esteves Pereira no “Correio da Manhã”. Recorde-se que ainda recentemente o governo falava em grandes obras públicas para combater o desemprego e o Primeiro-Ministro repetia-o até à náusea em comícios, manifestações, visitas a hospitais, inaugurações de fontanários e urinóis: aeroporto, TGV, terceira travessia do Tejo e outros delírios. Há uma semana, ou coisa parecida, o genial Ministro das Obras Públicas ainda ameaçava no Parlamento com obras no valor de 12 mil milhões de euros nos próximos dois ou três anos. Acho que são casos patológicos estes.
A Dr.ª Ferreira Leite advertia há muito tempo, sob o olhar trocista dos membros do governo e dos papagaios da comunicação social, que Portugal estava no caminho de se tornar em país inviável. Recordo-me de a ouvir dizer que as SCUT eram uma desgraça e que o Primeiro-Ministro ainda haveria de cobrar portagens. Que a dimensão da dívida e a sua evolução iriam conduzir ao que conduziram. Que os impostos iriam esmagar os portugueses, como já esmagam e irão esmagar ainda mais. Ninguém a quis ouvir e até perdeu uma eleição por falar assim.
Hoje está claro que tinha razão. E o mais extraordinário é que pessoas agora defensoras do senso e do comedimento, eram advogadas da despesa incontrolada. O engenheiro Cravinho, por exemplo, tão sensato hoje, foi o pai das parcerias público-privadas e grande adepto de um novo e grande aeroporto para Lisboa: era o tal que dizia ser necessário o aeroporto porque até tinha vergonha do que tínhamos – e teremos agora até à consumação dos séculos depois desta administração.
Acho que os políticos, na sua maioria, são casos delirantes propulsionados pela comunicação social, a navegar sobre a grande onda do irrealismo. É preciso cuidado com eles.
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