Ao contrário de António Guterres, o eng. Sócrates não tenciona abandonar o barco que ajudou a afundar. Apesar de as más notícias caírem por cá com regularidade diária, e apesar de as más notícias se deverem, em boa parte, à respectiva manutenção no poder, o eng. Sócrates não abdica deste. Aliás, cada acção do homem vai no sentido da perpetuação ou, como os devotos preferem, da resistência. Perante a perspectiva de eleições antecipadas, ele é o primeiro a afirmar-se disposto a vencê-las. E todos sabem que não se poupará a esforços, mais ou menos lícitos e limpos, para o conseguir.
Porquê? A que se deve a teimosia do eng. Sócrates em maltratar uma nação que a sua sôfrega inépcia deixou em estado comatoso? O que falta provar ao pior governante que a nossa tenra democracia produziu? O que o faz correr ou, na medida em que os que correm para o estrangeiro são os milhares que já não suportam isto, o que faz com que o eng. Sócrates pretenda ficar exactamente onde está? [...]
[...] no livro Vidas, Maria Filomena Mónica descreve um rapaz fascinado e intimidado pelas "elites" da capital, reais ou imaginadas. Veja-se o que o eng. Sócrates confessava em tempos a um jornal da Covilhã: "Há uma grande segregação que tem a ver com a origem e com a província. Não há a mesma igualdade (sic) de oportunidades. Isto quer dizer que as pessoas do interior, para se afirmarem na corte lisboeta, têm de ser muito mais talentosas do que as pessoas de Lisboa." [...]
[...] Outra entrevista, de outra fonte, é igualmente elucidativa. Em Setembro de 2000, o eng. Sócrates afirmou ao DN: "(...) eu nasci na Covilhã e foi lá que me formei, que moldei o carácter de antes quebrar do que torcer. Mas, passados os anos de adaptação [a Lisboa], reconheço-me integrado em absoluto, embora assinale ainda o preconceito de corte, da corte da política, entenda-se, para os que chegaram de fora." [...]
[...] Claro que a vingança, mesmo fundamentada em delírios, é um sentimento legítimo. Só aborrece que entre o vingador e os alvos haja um país, e que, através do voto, o país tenha patrocinado por duas vezes as frustrações de um irresponsável. E não aposto que não patrocine uma terceira.
Estes são excertos da crónica de Alberto Gonçalves no "Diário de Notícias" de hoje. Vale a pena ler o texto integral, clicando aqui.
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