quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A VIRTUDE DE SABER APAGAR

.
Falei há dois dias do inquérito feito a intelectuais sobre o que consideravam a descoberta mais importante dos últimos 2000 anos, assim como do tipo de respostas predominantemente relacionadas com o óbvio, como a imprensa, a televisão, os computadores, a pílula anti-concepcional e por aí fora; e falei também sobre uma ou duas respostas inesperadas e fora do contexto geral. Hoje vou referir outra, também ela original. Douglas Rushkoff, analista da comunicação e autor do livro “Program or Be Programmed”, responde: “A invenção mais importante dos últimos 2000 anos foi a borracha de apagar, e também a tecla delete dos computadores, as emendas constitucionais americanas, e todas os meios que nos permitem recuar e emendar os erros que praticamos.” E acrescenta: “Sem a capacidade de voltar atrás, apagar e tentar de novo, não haveria actividade científica, nem modo de melhorar a governação, a cultura, ou a ética. O apagador funciona como o nosso confessor, é quem nos absolve, a nossa máquina do tempo.”
É evidente que a ideia não tem a importância que Rushkoff lhe atribui. Ele próprio está consciente disso. Só que achou preferível fugir ao lugar-comum e abordar um aspecto sociologicamente importante da civilização. Quanta desgraça, miséria, infelicidade e drama da humanidade não são ou foram atribuíveis, em grande parte, à obstinação asinina na asneira. Em todas as actividades. Mas olhemos para a política onde se observa a maior concentração de burrice por metro quadrado.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário