quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

AGARREM-SE BEM

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Falámos há dias das radiações cósmicas de fundo, ou micro-ondas cósmicas de fundo (MCF), e da sua importância no desenvolvimento da teoria do Big-Bang, por serem "fósseis físicos" da origem do universo. Uma vez descobertas, era necessário demonstrar, como expectável teoricamente, que tinham variações no tempo e no espaço, correspondendo tais variações a fenómenos astrofísicos, da formação de galáxias por exemplo.
Não foi fácil detectar essas variações, o que só ocorreu em 1991 através dum sensor colocado no satélite COBE. Não vou falar disso agora, mas de outro episódio que ocorreu numa das tentativas de encontrar variações na MCF. Em 1976, foram feitas observações a partir dum avião espião dos Estados Unidos—do histórico tipo U-2—e nessas observações verificou-se que havia variações no comprimento de onda das MCF relacionadas com o efeito Doppler—isto é, na direcção da marcha do avião o comprimento de onda das MCF era menor e na da rectaguarda era maior. Os dados assim obtidos permitiram calcular a velocidade da Terra, do Sistema Solar e da Via Láctea no espaço cósmico, porque tal cangalhada viaja a velocidade impensável.
A palha brilhante vertida atrás é para concluir com o título publicado no "The New York Times " de 14 de Novembro de 1977 que era assim: "VERIFICADO QUE A VELOCIDADE DA GALÁXIA NO ESPAÇO É SUPERIOR A UM MILHÃO DE MILHAS POR HORA" (GALAXY'S SPEED THROUGH UNIVERSE FOUND TO EXCEED A MILLION M.P.H.)—andamos a mais de um milhão e meio de quilómetros à hora! Agarrem-se bem à cadeira.
Quando penso nestas coisas, lembro-me de Anatole France quando dizia que o espanto não é o universo ser tão grande, mas sim o facto do homem o ter medido.
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