Falámos há dias das radiações cósmicas de fundo, ou micro-ondas
cósmicas de fundo (MCF), e da sua importância no desenvolvimento da teoria do Big-Bang, por serem "fósseis físicos"
da origem do universo. Uma vez descobertas, era necessário demonstrar, como expectável
teoricamente, que tinham variações no tempo e no espaço, correspondendo tais
variações a fenómenos astrofísicos, da formação de galáxias por exemplo.
Não foi fácil detectar essas variações, o que só ocorreu
em 1991 através dum sensor colocado no satélite COBE. Não vou falar disso
agora, mas de outro episódio que ocorreu numa das tentativas de encontrar
variações na MCF. Em 1976, foram feitas observações a partir dum avião espião
dos Estados Unidos—do histórico tipo U-2—e nessas observações verificou-se que havia
variações no comprimento de onda das MCF relacionadas com o efeito Doppler—isto
é, na direcção da marcha do avião o comprimento de onda das MCF era menor e na da
rectaguarda era maior. Os dados assim obtidos permitiram calcular a velocidade
da Terra, do Sistema Solar e da Via Láctea no espaço cósmico, porque tal cangalhada viaja a velocidade impensável.
A palha brilhante vertida atrás é para concluir com
o título publicado no "The New York Times " de 14 de Novembro de 1977
que era assim: "VERIFICADO QUE A VELOCIDADE DA GALÁXIA NO ESPAÇO É
SUPERIOR A UM MILHÃO DE MILHAS POR HORA" (GALAXY'S SPEED THROUGH UNIVERSE
FOUND TO EXCEED A MILLION M.P.H.)—andamos a mais de um milhão e meio de quilómetros à
hora! Agarrem-se bem à cadeira.
Quando penso nestas coisas, lembro-me de Anatole France quando dizia que o espanto não é o universo ser tão grande, mas sim o facto do homem o ter medido.
Quando penso nestas coisas, lembro-me de Anatole France quando dizia que o espanto não é o universo ser tão grande, mas sim o facto do homem o ter medido.
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