quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

É DEVER DIVULGAR

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O azar dos Távoras desses defensores do Acordo (Ortográfico) é que, primeiro, nunca leram devidamente o texto dele e, segundo, não têm lido os jornais, em Portugal e, sobretudo, no Brasil.
Se o tivessem feito, teriam percebido sem grande convulsão cerebral por que razões até o Brasil recusa o dito na sua forma presente, de tão mau que o papel é, e ficavam também a saber que o adiamento veio culminar um processo de protestos consecutivos da sociedade civil brasileira reclamando toda uma série de alterações às normas nele contidas. [...]

[...] Os defensores do AO agarram-se desesperadamente à situação que eles mesmos ajudaram a criar, procurando que fosse imposto e adoptado sem discussão, jogando nas evasivas, escamoteando o que se passa em Angola e Moçambique, esgueirando-se à revelia das normas jurídicas e científicas aplicáveis, colaborando no atropelamento das mais elementares regras de bom senso, dando como facto consumado a submissão da sociedade civil à força da asneira.
Nesse engano de alma ledo e cego, sentem-se porventura mais confortáveis com as três ortografias que estão a ser aplicadas, deixam vibrar amplamente os humores com a tal "unidade" da língua portuguesa que afinal contribuíram para desmantelar e agora acorrem, num transe de subtileza hermenêutica que de repente deles se apossou, a proclamar que tudo está como dantes e nada aconteceu...
É pena. Deveriam escabujar dando punhadas grossas no peito, fazer o mea culpa de preceito e deixar-se de fitas. E deveriam ajudar a pensar como se há-de encontrar uma solução decente para o imbróglio em que Portugal está metido por causa deles. [...]

Vasco Graça Moura in "Diário de Notícias"
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