terça-feira, 2 de abril de 2013

COMILÕES E MATUMBOS !

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O homem deixou, na esmagadora maioria, de ser caçador-recolector há muitos anos; com uma extraordinária excepção—e digo extraordinária porque nesse campo é um alarve—que diz respeito à pesca. Come batatas, arroz, vacas, galinhas e porcos, mas cria-os. Peixe, só pesca. A criação em viveiros é tão insignificante, que nem vale a pena falar nela. Sobretudo porque é complicada, poluente, com algum perigo para a saúde pública e outras coisas sinistras. Assim, temos os recursos do mar finitos e o apetite humano infinito.
Globalmente, a humanidade come hoje quatro vezes mais peixe que comia quando eu tinha onze anos, ou seja, em 1950. No ano passado, o consumo médio global foi de 17 kg por manjerico, ou manjerica. Assim, aumenta  o apetite e diminuem os recursos.
E depois? Depois, "eles" falam, falam,  falam, mas não fazem nada: aí está!
A maior parte do fundo do Mediterrâneo é um deserto de fazer dó. Cerca de 85% dos stocks piscatórios estão a ser explorados em excesso, sem dó nem piedade. Por exemplo, um em cada três peixes desembarcados pela frota de pesca espanhola é pago pelo governo. A ideia é garantir trabalho, sem cuidar de preservar a "fábrica" onde ele é feito—quem vier atrás que feche a porta!
E já não se trata apenas de pescada, robalo, dourada, sardinha, ou bacalhau: marcha tudo, incluindo os tubarões. Cerca de 80% (!) da população de tubarões desapareceu e um terço das espécies estão em vias de extinção. Perguntar-se-á por alma de quem vamos nós preocupar-nos com os tubarões. Vamos, mesmo sem ser por alma de alguém, porque são fundamentais para manterem o ecossistema marinho, ao comerem peixes cuja proliferação excessiva liquida o plâncton. Olaré!
E curiosidade das curiosidades: estudo recente aponta para que uma percentagem mínima dos oceanos mundiais vedada às pescas de diferentes espécies, do tipo de 20 zonas, correspondendo a 4%  de todos os oceanos, pode salvar essas espécies da extinção e manter os stocks mundiais. E então? Então, o homem é matumbo, pronto—nada feito!
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