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Luís Carito, Vice-Presidente
da Câmara de Portimão que se encontra com funções suspensas desde que foi
preso, a 20 de Junho, por
suspeitas de corrupção, saiu ontem do estabelecimento prisional anexo à Policia
Judiciária e ficou em prisão domiciliária em casa dos pais, em Lisboa,
onde será vigiado com pulseira electrónica.
Recordo que o Senhor Luís Carito é o autarca que, quando
a Polícia Judiciária procedia a uma busca na sua residência, ao ver um
inspector a ler determinado documento, retirou-lho das mão e comeu-o. Como é
prática não prevista pelos linguistas, suponho que não tem nome e, em tal
circunstância, passarei doravante a designá-la por bibliofagia—isto é, o Senhor
Luís Carito, autarca de Portimão, é
bibliófago.
Feito o esclarecimento prévio, serve isto para dizer que
a prisão domiciliária do autarca não é absoluta. Tanto quanto sei, permite
algumas saídas, para ir a consultas, ao Tribunal, à Polícia e por aí fora.
Assim, deve quem me ler tomar precauções na rua quando transportar papeis
consigo. Pode acontecer cruzar-se com o Senhor Luís Carito e ser este acometido
de ataque paroxístico de apetite e repetir o que fez com o inspector da Polícia
Judiciária. Imagine o leitor que transporta um boletim do Euromilhões e,
cruzando-se com a pessoa em análise, ela
lho come. E, pior ainda, vem depois a constatar que as apostas eram ganhadoras,
mas já de nada servem, porque foram naturalmente digeridas no tracto digestivo
do Senhor Carito. Assim, recomenda-se a maior prudência com o transporte de
documentos importantes na via pública em Lisboa, nomedamente os lavrados em
papel mais tenro e apaladado.
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