Muito se tem escrito sobre as palavras e actos do novo Papa Francisco. E encara-se a personalidade como um caso espantosamente diferente, o que deixa pessoas como eu atónitas.
Porquê espantoso?
O que Francisco diz e faz é o que se espera que um
discípulo de Cristo diga e faça. Está enraizada nos católicos uma concepção desviante
do Cristianismo, por acção da chamada hierarquia católica que, para começar,
nem devia chamar-se assim porque começa logo aí a asneira, com essa coisa de
hierarquias.
Francisco não quer residir na chamada "sede
apostólica" para acabar com a ideia presunçosa e pouco cristã de
"centro de poder de cariz divino", o que soa a basófia inaceitável e pouco humilde,
reivindicando infalibilidade—mais que falível, como a História mostra—e
respeito humano, traduzido na doença da "psicologia dos príncipes"
dos bispos, como ele próprio diz. E, para que não restem dúvidas, adianta:
"Somos todos iguais aos olhos de Deus. Eu sou como um de vós".
Dir-se-á que todos sabem isso. Sabem, mas não praticam,
digo eu. Há um cultivar de prerrogativas e benesses, alimentadas por
"beatas" sobretudo, mas também por "beatos", que
desprestigiam o clero, especialmente o de mais alto nível na tal hierarquia.
Para não falar da discreta e benévola tolerância com comportamentos anómalos
organizados na Cúria, como os lobbies da corrupção e dos homossexuais.
Não me admira que o Papa diga o que diz e faça o que faz.
Admira-me é que tantos dos seus antecessores não tenham dito e feito o mesmo
antes dele.
A um padre de Buenos
Aires, Bergoglio terá dito: "Se a minha mãe e a sua mãe ressuscitassem
hoje, implorariam ao Senhor que as enviasse de novo para debaixo da terra, para
não assistirem à degradação desta Igreja."
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