Falava há dias
dum investigador enervado e julgava que era caso pouco frequente. Mas encontrei
hoje outro de igual quilate. Este preocupa-se—enerva-se, talvez—com as pessoas
que caminham nos passeios e "emperram" o trânsito dos peões,
especialmente os mais apressados, como deve ser o caso de mister Adrian Raine,
nome da personalidade em apreço. Mister Raine embirra, e enerva-se provavelmente,
por exemplo, com velhos, bêbados, senhoras com carrinhos de bebé e, sobretudo
com os que falam ao telefone e chegam mesmo a parar no passeio, impedido as
pessoas como ele de andar depressa, notória perda de tempo e dinheiro, uma vez
que estes dois factores são para ele como a massa e energia eram para Einstein.
Isto é, E = m x c2 para Einstein e D = T x b2 para mister Raine, em que D é
dinheiro, T é tempo e b2 é a burrice de mister Raine ao quadrado, digo eu.
O janota propõe que os passeios tenham três faixas, como
as auto-estradas. A mais interna para lentos, como os referidos atrás; a do meio para
caminhantes médios, mais aceitáveis segundo ele; e a externa para pessoas apressadas
e normais, como presumo se considera o autor da peça.
Mas a coisa não fica por aqui. Quem andar mais de 10
segundos fora da baixa adequada, pode receber um bilhete de aviso e, com mais
de três avisos no currículo, o peão fica temporariamente proibido de o ser,
dependendo a interdição, segundo se depreende, de regulamentação a implementar.
Para completar o ramalhete, acrescente-se que será autorizado o uso de buzinas
pelos peões para advertir os infractores de que devem mudar de faixa de
imediato.
Acho a ideia excelente, mas não sei se em Portugal será adoptável.
Adivinho-lhe laivos de inconstitucionalidade. Será prudente que o nosso Presidente
"autártico" a submeta aos meritíssimos do Palácio Ratton antes de a
levar à Assembleia Municipal.
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