CINAC é um acrónimo inglês que significa "Correlation
is not a cause"—o que não carece de tradução—usado internacionalmente na
forma anglo-saxónica. Para abreviar, tomemos um exemplo. São 15 horas e 45
minutos e começa a chegar gente à gare duma estação. Às 16 horas a gare está
cheia e ouve-se um comboio que chega. Foram as pessoas que fizeram vir o comboio?
Foi o comboio que fez vir as pessoas? Ou foi a empresa dos caminhos de ferro
que estabeleceu um horário, causando toda a cena descrita? Isto é, "A"
causou B? Ou "B" causou "A"? Ou "C" causou "A"
e "B"?. O exemplo é careca intencionalmente, mas na mais sofisticada
ciência, às vezes, acontece o mesmo.
Há um site na Net, chamado "Spurious
Correlations", com exemplos de correlações espantosas nos Estados Unidos, entre
coisas sem nenhuma possibilidade de serem relacionadas à primeira, à segunda ou
à terceira vista. Por exemplo entre as despesas com ciência, espaço e
tecnologia e o número de suicídios por enforcamento, estrangulamento e asfixia
(correlação de 0.992082); entre o
consumo de queijo e o número de pessoas que morrem acidentalmente sufocadas
pelos lençóis da cama (0.947091); entre o consumo per capita de queijo
mozzarella e o número de doutoramentos em Engenharia Civil (0.958648); rebabá—visite
o site aqui e ria-se um bocadinho; mas não muito.
Sabe porque digo não muito? Porque pode o leitor ser dos
que têm fé inabalável na teoria do aquecimento global antropogénico,
putativamente causado pela combustão de carburantes fósseis. Ouviu dizer que o
nível de CO2 na atmosfera tem aumentado
assustadoramente e que isso tem causado aumento da temperatura do planeta—"A"
causou "B", prontes. Nunca ninguém disse que pode ser "B" a
causar "A", ou que "A" e "B" resultam ambos de
"C": por exemplo, da fuga dos chatos para o Egipto, dos
"pentelhos" do Dr. Catroga, ou das baboseiras do Dr. Soares, seja o
capital usurário, a maldade da Senhora Merkel, o neoliberalismo de Bush, Blair
e Asnar, ou as ondas de 15 metros que ele nunca viu, nem ouviu falar.
Acha esta conversa um disparate? Se acha, lembro-lhe que a sangria
terapêutica aplicada irracionalmente a doentes com estado anémicos graves era
praticada ainda no Século XIX, 100 anos depois de Newton ter nascido; e que as
formas muito extensas—chamadas eritrodérmicas—de psoríase, dermatose benigna, foram tratadas, até não há muito tempo, com exposição dos doentes
a mosquitos portadores do parasita da malária, para inocular a doença e
provocar febre—piretoterapia!—o que não tinha qualquer fundamento nem eficácia.
Portanto, aquecimento global antropogénico? Muito bem—é
capaz de ser verdade. Mas vê lá se não é como aquela coisa do queijo mazzarella
e dos doutoramentos em Engenharia Civil..
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