segunda-feira, 12 de maio de 2014

CINAC

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CINAC é um acrónimo inglês que significa "Correlation is not a cause"—o que não carece de tradução—usado internacionalmente na forma anglo-saxónica. Para abreviar, tomemos um exemplo. São 15 horas e 45 minutos e começa a chegar gente à gare duma estação. Às 16 horas a gare está cheia e ouve-se um comboio que chega. Foram as pessoas que fizeram vir o comboio? Foi o comboio que fez vir as pessoas? Ou foi a empresa dos caminhos de ferro que estabeleceu um horário, causando toda a cena descrita? Isto é, "A" causou B? Ou "B" causou "A"? Ou "C" causou "A" e "B"?. O exemplo é careca intencionalmente, mas na mais sofisticada ciência, às vezes, acontece o mesmo.
Há um site na Net, chamado "Spurious Correlations", com exemplos de correlações espantosas nos Estados Unidos, entre coisas sem nenhuma possibilidade de serem relacionadas à primeira, à segunda ou à terceira vista. Por exemplo entre as despesas com ciência, espaço e tecnologia e o número de suicídios por enforcamento, estrangulamento e asfixia (correlação de 0.992082); entre o consumo de queijo e o número de pessoas que morrem acidentalmente sufocadas pelos lençóis da cama (0.947091); entre o consumo per capita de queijo mozzarella e o número de doutoramentos em Engenharia Civil (0.958648); rebabá—visite o site aqui e ria-se um bocadinho; mas não muito.
Sabe porque digo não muito? Porque pode o leitor ser dos que têm fé inabalável na teoria do aquecimento global antropogénico, putativamente causado pela combustão de carburantes fósseis. Ouviu dizer que o nível de CO2  na atmosfera tem aumentado assustadoramente e que isso tem causado aumento da temperatura do planeta—"A" causou "B", prontes. Nunca ninguém disse que pode ser "B" a causar "A", ou que  "A" e "B" resultam ambos de "C": por exemplo, da fuga dos chatos para o Egipto, dos "pentelhos" do Dr. Catroga, ou das baboseiras do Dr. Soares, seja o capital usurário, a maldade da Senhora Merkel, o neoliberalismo de Bush, Blair e Asnar, ou as ondas de 15 metros que ele nunca viu, nem ouviu falar.
Acha esta conversa um disparate? Se acha, lembro-lhe que a sangria terapêutica aplicada irracionalmente a doentes com estado anémicos graves era praticada ainda no Século XIX, 100 anos depois de Newton ter nascido; e que as formas muito extensas—chamadas eritrodérmicasde psoríase, dermatose benigna, foram tratadas, até não há muito tempo, com exposição dos doentes a mosquitos portadores do parasita da malária, para inocular a doença e provocar febre—piretoterapia!—o que não tinha qualquer fundamento nem eficácia.
Portanto, aquecimento global antropogénico? Muito bem—é capaz de ser verdade. Mas vê lá se não é como aquela coisa do queijo mazzarella e dos doutoramentos em Engenharia Civil.
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