Há a anedota do fulano que cai numa fossa, fica com a boca dois centímetros acima do nível superior do caldo fecal e, quando alguns amigos tentam ajudá-lo, só pede que não façam ondas. Em Portugal, muita gente vive o mesmo drama. Pelo menos, foi essa a convicção com que fiquei ao ler o jornal "Público" de hoje, dia do trabalhador. Não vou inventar nada, não vou fazer variações, mudar coisa nenhuma do que li. O que se segue, e o que pode ler num blog de apoio a este, é mero trabalho de copiar e colar. Mas é esclarecedor.
A primeira parte é uma notícia de ontem e aqui ficam dois
excertos:
[...] Prisão
preventiva. Foi essa a medida de coacção aplicada ontem pelo juiz Carlos
Alexandre ao ex director-geral de Infra-estruturas e Equipamentos do Ministério
da Administração Interna João Alberto Correia, depois de um interrogatório que
durou várias horas e decorreu no Tribunal Central de Instrução Criminal.
[...]
[...] Já no início
dos anos 2000, o Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do MAI
(GEPI), organismo que mais tarde foi transformado na actual DGIE, tinha estado
no centro das atenções da IGAI, então dirigida pelo procurador-geral adjunto Rodrigues
Maximiano. Uma auditoria concluída em 2002 apontou para a existência no GEPI de
numerosas “irregularidades/ilegalidades” na contratação de obras e de serviços diversos.
As conclusões dos
auditores da IGAI levaram o então inspector-geral, António Morais, a pedir a
sua exoneração, tal como João Alberto Correia fez em Fevereiro. Morais — que em
2007 se tornou conhecido por ter sido o professor de três das cinco disciplinas
com que Sócrates concluiu a sua polémica licenciatura na Universidade
Independente — tinha sido nomeado director do GEPI por Armando Vara, em 1996.
Ao longo dos anos em que esteve em funções, a empresa que, de longe, mais
concursos ganhou e adjudicações obteve no GEPI foi a Conegil, uma sociedade entretanto
falida e liderado por um amigo de Sócrates.
Contrariamente ao
que agora sucedeu, as ilegalidades detectadas pela IGAI em 2002 não conduziram
a qualquer investigação judicial. [...]
Não faço comentários, porque seriam redundantes. Que mais
é preciso acrescentar ao citado?
A segunda parte é um artigo sobre o Director-Geral agora
detido, da autoria de Paulo Pena, que tem quase 600 palavras e começa assim:
João Alberto
Correia é arquitecto, maçon, professor e influente nos corredores da política
governativa. O seu pai também era. Também ele se chamava João. João Rosado Correia,
o pai, que morreu em 2002, foi ministro do Equipamento Social do bloco central
sob a liderança de Mário Soares. E também viu o seu nome envolvido num
escândalo. A 15 de Agosto de 1987, dois anos após a sua saída do Governo, a sua
foto aparecia na primeira página do Expresso: “Ex-ministro trouxe dinheiros de Macau
para o PS”. [...]
Pode ler o texto completo aqui.
Depois de tudo lido, visto e respigado, peço ao leitor
que não espalhe isto porque é chato. Inclusivamente, porque o senador e pai da
democracia de sucesso que nos rege e o seu filho também são personagens da peça. Leia, mas
mantenha o maior segredo sobre a matéria que é delicada.
Obrigado e desculpe qualquer coisinha..
Sem comentários:
Enviar um comentário