Já reparou o pouco que se escreve à mão nos dias que correm? Uma assinatura nos raros cheques que se usam; uma rubrica no papel do homem que entrega correio registado; às vezes—raramente—uma nota na agenda e pouco mais. A escrita manual está a transformar-se numa coisa assim como tocar cítara, forjar ferraduras, ou participar em torneios a cavalo.
Antigamente, dizia-se que
a escrita de cada um dava informações sobre a personalidade. Agora, na melhor
das hipóteses, diz se a pessoa nasceu há mais de 30 anos ou há menos. E estou a
falar da escrita em maiúsculas de imprensa porque, se vamos para a chamada
escrita cursiva, temos que considerar os últimos 50 anos.
Agora escreve-se nos
processadores de texto—pouco!—nos SMS com ortografia "Vodafone", nos emails e no
Facebook e equivalentes: mais nada.
Não digo isto com ar de
queixinhas, apesar de ser por princípio contra modernices—cristalizei, pronto. Mas li que a caneta a deslizar no papel estimula o cérebro como nenhuma
outra coisa; que a imagiologia mostra activação do cérebro em áreas
relacionadas com o raciocínio, a linguagem e a memória; que há estimulação das
sinapses e da sincronia entre os hemisférios cerebrais esquerdo e direito, rebabá. Contudo, não há nada a fazer.
Acabou. Em breve, nem cheques. Um dia destes, vieram a minha casa entregar
cápsulas de café e tive de fazer um rabisco com um palito de plástico no ecrã
de um aparelho que o funcionário trazia. Na próxima vez, é biométrico: ponho lá
o dedo indicador e já está! Não tenho cabeça para isto.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário