Falava há dias sobre Freeman Dyson, céptico sobre as consequências nefastas do
aumento da concentração atmosférica do dióxido de carbono (CO2). Referia ele,
entre outras coisas, a possibilidade de mais CO2 acarretar mais fotossíntese,
maior reino vegetal, melhores colheitas, mais comida. É uma boa hipótese.
Contudo, um paper
publicado em 7 de Maio deste ano—há quatro dias—na revista Nature, não traz
boas notícias. Os autores estudaram a qualidade do milho, trigo, arroz e por aí
fora, em diferentes continentes, quando cultivados em ambiente natural, igual ao actual, e quando cultivados em ambientes artificiais
com concentrações elevadas de CO2, equivalentes ao previsto para 2050.
Verificaram que, embora as colheitas fossem mais abundantes com mais CO2, a qualidade dos vegetais era
inferior—menos ferro, menos zinco e menos proteínas. Acrescente-se que estes
nutrientes são fundamentais em dietas
pobres em carne e a sua diminuição pode ser grave em populações muito dependentes
de cereais para os ingerir.
Ciência não é fácil: é
complicado fazer raciocínios que contemplem todos os parâmetros envolvidos e
conhecidos num problema e, mais ainda, quando pode haver parâmetros
desconhecidos, como o agora aparentemente demonstrado.
Mas deve manter-se reserva sobre estes
resultados (todos os resultados!), não vá aparecer, de repente, alguém a dizer,
por exemplo, que as plantas do mais CO2 têm outra coisa qualquer que melhora a
absorção ou o metabolismo do ferro, do zinco, das proteínas e, portanto, rebabá. Ser
investigador a sério é pior que prior numa freguesia de judeus e muçulmanos. Ai
é, é...
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