domingo, 11 de maio de 2014

SER PRIOR

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Falava há dias sobre Freeman Dyson, céptico sobre as consequências nefastas do aumento da concentração atmosférica do dióxido de carbono (CO2). Referia ele, entre outras coisas, a possibilidade de mais CO2 acarretar mais fotossíntese, maior reino vegetal, melhores colheitas, mais comida. É uma boa hipótese.
Contudo, um paper publicado em 7 de Maio deste ano—há quatro dias—na revista Nature, não traz boas notícias. Os autores estudaram a qualidade do milho, trigo, arroz e por aí fora, em diferentes continentes, quando cultivados em ambiente natural, igual ao  actual, e quando cultivados em ambientes artificiais  com concentrações elevadas de CO2, equivalentes ao previsto para 2050. Verificaram que, embora as colheitas fossem mais abundantes com mais CO2, a qualidade dos vegetais era inferior—menos ferro, menos zinco e menos proteínas. Acrescente-se que estes nutrientes são fundamentais em dietas pobres em carne e a sua diminuição pode ser grave em populações muito dependentes de cereais para os ingerir.
Ciência não é fácil: é complicado fazer raciocínios que contemplem todos os parâmetros envolvidos e conhecidos num problema e, mais ainda, quando pode haver parâmetros desconhecidos, como o agora aparentemente demonstrado.
Mas deve manter-se reserva sobre estes resultados (todos os resultados!), não vá aparecer, de repente, alguém a dizer, por exemplo, que as plantas do mais CO2 têm outra coisa qualquer que melhora a absorção ou o metabolismo do ferro, do zinco, das proteínas e, portanto, rebabá. Ser investigador a sério é pior que prior numa freguesia de judeus e muçulmanos. Ai é, é...
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