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Em 1924 foi anunciado o achado do cránio do Australopithecus africanus, com idade entre 2 e 3 milhões da anos; e, em 1974, o do Australopithecus afarensis, o esqueleto de uma percursora da actual mulher – a Lucy – com 3,2 milhões de anos, o mais importante documento paleoantropológico até há pouco tempo. Mais precisamente, até 1994, quando Yohannes Hailé Selassié encontrou na Etiópia grande parte de um esqueleto do sexo feminino com 4,4 milhões
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O material seria estudado um pouco por todo o mundo, usando as técnicas mais sofisticadas, e os resultados da investigação publicados 15 anos depois, no ano da graça de 2009, ou seja, aquele que está a fenecer, na revista científica Science. É impossível resumir os 14 artigos incluídos numa secção da revista dedicada ao tema, mas pode aceder livremente aos textos clicando no link atrás (no máximo terá que fazer um registo fácil e gratuito). Ficamos a saber que o A. Ramidus, ao contrário do Australopithecus, ainda tinha o primeiro dedo do pé com oponência, mas o resto do pé já era adaptado a grandes marchas em bipedalismo, significando isto que habitava a planície e a savana, alimentando-se provavelmente de plantas e pequenos animais que aí apanhava; mas ainda podia fazer incursões nas árvores, embora fosse um trepador lento e sem a capacidade de saltar de liana em liana no estilo Tarzan. Tinha perdido os grandes caninos superiores, substituídos por dentes mais pequenos porque a caça de animais de maior porte já não era importante para ele, nem a luta
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Tendo em conta a importância de desvendar a origem da nossa espécie, o que tem implicações biológicas, médicas, filosóficas, sociológicas e religiosas, para ser sucinto e comedido, considero as revelações estampadas na revista Science o segundo acontecimento científico mais importante deste ano, a três dias do seu fim.
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