Em hora avançada, ri-me até temer pela integridade do
músculo diafragmático. E de que ri?, perguntar-se-á. Ri com a parte final
da crónica de Alberto Gonçalves a sair amanhã no DN. É assim:
[...] Não tinha idade para votar Eanes e, na medida em
que não sou masoquista, nunca votaria Soares ou sequer nesse monumento à
candura chamado Jorge Sampaio. Votei em Cavaco Silva para a presidência. Duas
vezes. Dadas as alternativas, ainda não me arrependi. Convinha era que o prof.
Cavaco não forçasse a nota. Mesmo que os seus antecessores não fossem estetas
da língua, as recentes inovações lexicais do "fazerei" e dos
"cidadões" confundem. Mesmo que os seus antecessores não descurassem
as artimanhas de conveniência e sobrevivência política, o discurso do Dez de
Junho, voltado para a justificação dos actos próprios enquanto
primeiro-ministro, deprime. Já o julgamento sumário do exaltado que chamou
chulo a Sua Excelência e a mandou trabalhar assusta: mesmo que pelo menos um
dos seus antecessores mandasse suprimir um livrinho incriminatório e o
respectivo autor, eu, repito, não votei nele nem nos demais. Votei neste, e se
o confesso sem orgulho, não tarda escondo-o com vergonha.
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