sábado, 15 de junho de 2013

O TEMPO PERGUNTOU AO TEMPO . . .

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Tive um colega, infelizmente já falecido, com grande espírito de humor e expressões muito engraçadas, que perguntava frequentemente aos doentes se dormiam bem, ou empreendiam. Na realidade, os dicionários registam a acepção de cismar, ou ter apreensões, para o verbo empreender. Digo isto porque ando a empreender com essa coisa do tempo, não o do agora parolamente chamado Instituto do Mar e da Atmosfera, mas o tempo propriamente dito, sem parolices.
Já hoje falei dele e de Santo Agostinho, num post em que referia o passado, o presente e o futuro. E leio agora, num maravilhoso livro editado pela revista "Scientific American", intitulado "A Question of Time: The Ultimate Paradox", o seguinte:
A noção de passagem do tempo, ou do fluir do tempo, não tem sentido. Nada na Física corresponde à sua passagem. Os físicos insistem que o tempo não passa: existe simplesmente. Einstein, numa carta a um amigo, deixou escrito que o passado, o presente e o futuro são meras ilusões; estúpidas teimosias até.
A conclusão mais sensata é que tanto o passado como o futuro são fixos. Por isso, os físicos preferem pensar no tempo como um todo, semelhante a uma paisagem estática. É a noção chamada "bloco do tempo".
Por exemplo, se imaginarmos uma expedição de astronautas a Marte e se um controlador na Terra pensar no que estão a fazer os astronautas nesse momento, olhando para o relógio e vendo que são 12H00, conclui que estão a almoçar. Mas, se nesse momento, outro astronauta viaja no espaço a velocidade próxima da luz, o relógio dele pode marcar um tempo mais tarde, ou mais cedo, dependendo da direcção do movimento. No segundo caso dirá que os astronautas em Marte estão a cozinhar o almoço, no primeiro dirá que estão a lavar a loiça. Três tempos diferentes no mesmo preciso momento.
O tempo é útil no quotidiano, mas é convencional, como é a noção de Norte para cima e de Sul para baixo, também útil porque aceite universalmente, apesar de irreal—o universo não tem "cima" nem "baixo". E quanto a tempo e à sua consequência directa, a pontualidade, acrescento que esta vem de dentro de nós e não de qualquer relógio, seja de Sol, de pêndulo, de quartzo, ou atómico. Há cabeças completamente incapazes de a produzir.
O livrinho, comprado online na "Amazon" pelo sistema de e-books "Kindle", custa apenas €2,99, pouco mais que uma sardinha em Portugal (atenção: não sou accionista da "Amazon"—mas gostava de ser).
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