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Ontem falava do Armageddon, do fim da vida na Terra em
geral e da vida humana em especial, o que acontecerá daqui a mil milhões de
anos. A Terra começou há 4,5 mil milhões de anos e mil milhões depois—há 3,5
mil milhões—apareceu a vida. É complicado dizer quando nasceu o homem, mas biologicamente
o homem moderno tem apenas 50 mil anos.
As religiões são omissas nessa matéria porque não esclarecem
quando, segundo elas, a natureza ontológica
ou sobrenatural foi instilada no homem, no decurso da evolução biológica. Por
isso, podemos considerar que tal terá acontecido com o aparecimento do Homo
sapiens, seja, há 50 mil anos. Sendo assim, o percurso humano no universo que
conhecemos será de pouco mais de mil milhões de anos. A qualidade humana ontológica será praticamente de "ontem" e acabará dentro de mil milhões
de anos.
Chegados aqui, recorde-se que o universo que conhecemos
tem quase 14 mil milhões de anos de existência e parece estar para lavar e durar.
Mesmo que terminasse mais cedo que o expectável, o percurso do homem nele ocuparia
no máximo 1/14 da sua vida. A pergunta é, como já ontem referi, qual foi o
nosso papel no panorama evolutivo do cosmos?
Para um antropocêntrico convicto, a resposta a tal pergunta
é fácil: Não tivemos papel nenhum nesse panorama, porque somos a própria razão
da existência do cosmos. Ou seja, tudo que conhecemos desde o Big-Bang até
hoje, e tudo que acontecerá depois de desaparecermos, ocorreu, ou ocorrerá,
para nós podermos existir durante mil milhões de anos! É de "rebenta
canelas esta"! Um moderno filósofo—não recordo qual, mas penso ter sido Bertrand Russel—dizia a este respeito que, a ser assim, a cosmogénese
representaria enorme desbaratar de recursos e meios para atingir um
objectivo bem modesto. É muita prosápia a nossa ao pensar assim, mesmo
admitindo que há outros seres inteligentes no imenso universo.
O que fica do referido é uma enorme incógnita para o
homem: tem ele a importância ontológica que se atribui? Ou é um fait divers cosmológico transitório e sem importância?
Era bom saber. Não é fácil!
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