sexta-feira, 5 de julho de 2013

O QUE SOMOS, AFINAL ?

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Ontem falava do Armageddon, do fim da vida na Terra em geral e da vida humana em especial, o que acontecerá daqui a mil milhões de anos. A Terra começou há 4,5 mil milhões de anos e mil milhões depois—há 3,5 mil milhões—apareceu a vida. É complicado dizer quando nasceu o homem, mas biologicamente o homem moderno tem apenas 50 mil anos.
As religiões são omissas nessa matéria porque não esclarecem quando, segundo elas,  a natureza ontológica ou sobrenatural foi instilada no homem, no decurso da evolução biológica. Por isso, podemos considerar que tal terá acontecido com o aparecimento do Homo sapiens, seja, há 50 mil anos. Sendo assim, o percurso humano no universo que conhecemos será de pouco mais de mil milhões de anos. A qualidade humana ontológica será praticamente de "ontem" e acabará dentro de mil milhões de anos.
Chegados aqui, recorde-se que o universo que conhecemos tem quase 14 mil milhões de anos de existência e parece estar para lavar e durar. Mesmo que terminasse mais cedo que o expectável, o percurso do homem nele ocuparia no máximo 1/14 da sua vida. A pergunta é, como já ontem referi, qual foi o nosso papel no panorama evolutivo do cosmos?
Para um antropocêntrico convicto, a resposta a tal pergunta é fácil: Não tivemos papel nenhum nesse panorama, porque somos a própria razão da existência do cosmos. Ou seja, tudo que conhecemos desde o Big-Bang até hoje, e tudo que acontecerá depois de desaparecermos, ocorreu, ou ocorrerá, para nós podermos existir durante mil milhões de anos! É de "rebenta canelas esta"! Um moderno filósofo—não recordo qual, mas penso ter sido Bertrand Russel—dizia a este respeito que, a ser assim, a cosmogénese representaria enorme desbaratar de recursos e meios para atingir um objectivo bem modesto. É muita prosápia a nossa ao pensar assim, mesmo admitindo que há outros seres inteligentes no imenso universo.
O que fica do referido é uma enorme incógnita para o homem: tem ele a importância ontológica que se atribui?  Ou é um fait divers cosmológico transitório e sem importância? Era bom saber. Não é fácil! 
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