sábado, 10 de maio de 2014

JORNALISMO DE PRIMEIRA ÁGUA

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Hugh Jackman, que não tenho o prazer de conhecer nem saber quem é, tem 45 anos, é australiano e tem um basalioma no nariz, diz o DN. Foi ele que deu a notícia ao mundo, em primeira mão, ao publicar uma fotografia no Instagram com um penso no apêndice nasal. Segundo o DN, "está a fazer novo tratamento ao cancro de pele, depois da doença lhe ter sido diagnosticada, pela primeira vez, há seis meses". Presumo que a doença de Jackman tem direito, não a um diagnóstico, mas a vários diagnósticos, dado ser uma pessoa importante. O primeiro foi há seis meses. Ficámos sem saber se o actual diagnóstico é o segundo, o quinto, ou o vigésimo quarto, o que a jornalista não informa. Fica-se também um pouco confuso ao ler que ao doente foi removido um tumor "cancerígeno" há seis meses, exactamente no tempo do primeiro diagnóstico. Parece, portanto, que Jackman tinha duas lesões nessa altura: um tumor canceroso—o tal "cancro" basocelular, ou basalioma—e um tumor cancerígeno—capaz de gerar um cancro—removido há seis meses. Ou era a lesão a mesma, simultaneamente cancerosa e cancerígena!!!
O referido na notícia do DN como carcinoma basocelular, vulgarmente chamado basalioma, é quase sempre um tumor de trazer por casa, em chinelos de quarto acalcanhados. Pela minha parte, já fui tratado a dois e estou muito menos preocupado com isso que com a hipótese do Zezito regressar à política activa. Só falo nisto porque a notícia é de tal forma pífia que não posso deixar de o fazer. Tenho a certeza ser a jornalista que a redigiu uma simpática jovem, inteligente e cheia de vontade de acertar e progredir na carreira. Mas tem um chefe, esse sim, um nabo; e são esses nabos que "fazem" diariamente a cabeça dos portugueses. Óh égua! Assim se avalia o conteúdo dos media.
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