sábado, 10 de maio de 2014

O PESCOÇO DA GIRAFA

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O maestro do conjunto do vídeo em cima, conjunto chamado "The Oxford Trobadors", que também canta como pode ouvir-se, e toca guitarra clássica—o que não se vê nem ouve—é Denis Noble, Professor Emérito de Fisiologia Cardiovascular e Co-Director da Fisiologia Computacional no Balliol College da Universidade de Oxford e costuma dizer que ninguém precisa de ser apenas cientista.
Noble é investigador, especialista da evolução biológica, e está na vanguarda de novas visões sobre o modo como ela se processa, provavelmente de forma muito mais complicada que o simples mecanismo de mutação genética e selecção dos mais aptos daí resultantes. A importância do papel dos genes na hereditariedade está em causa, sendo talvez muito menor do que se tem pensado. Por exemplo, investigadores chineses introduziram núcleos de espermatozóides duma espécie de peixes em óvulos de outra espécie e os seres daí resultantes não têm apenas as características do pai, dador dos espermatozoides com todos os genes, mas características mistas do pai e da mãe que deu o óvulo sem genes. Ou seja, toscamente dizendo, o genoma não é tudo na transmissão das características hereditárias e aqui põe-se na ribalta a acção de outros factores chamados epigenéticos.
Serve isto para dizer que, ao contrário do que se tem vindo a dizer, Lamarck provavelmente tinha razão quando admitia a possibilidade de transmissão hereditária de características adquiridas. A girafa que tanto se esticava para chegar às árvores viu o seu pescoço aumentar uns milímetros, eventualmente centímetros, e pôde transmitir essa característica aos filhos; isto para dar um exemplo careca clássico e anedótico.
Uma entrevista interessantíssima com Denis Noble  foi publicada recentemente e porque acabo de a ler, falo em Noble. Sei que isto interessa a muito pouca gente, mas interessa a alguma. Por isso, pode ler aqui a conversa de Noble com a jornalista Suzan Mazur.

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