Os minerais são substâncias
inorgânicas que se combinam para formar rochas. Até não há muito tempo,
acreditava-se que a maior parte tinha sido formada nas estrelas em fim de vida,
lançadas no espaço quando essas estrelas explodiam e captadas no nascimento de
planetas como a Terra (aproximada e toscamente era isto). Os seres vivos não seriam mais que arranjos desses
compostos, para dizer as coisas de forma muito simplificada, e não teriam nada
a ver com a formação dos minerais. Em boa verdade, não é assim. A relação entre
os minerais e a vida é muito antiga, mas bi-direccional.
A vida começou na Terra há
3,5 ou 4 mil milhões de anos e nessa fase os minerais eram bem menos que
actualmente. Para se chegar à densidade actual, as rochas da Terra tiveram que
evoluir através de várias intervenções. De 1.500 minerais diferentes então,
chegamos ao número actual de cerca de 5.000.
Como se criaram estes 3.500
adicionais? A conclusão actual, embora inesperada, é que muitos desses minerais—2
em cada três do total—surgiu em consequência de actividade biológica, isto é,
foi a vida que os originou!
O início da fotossíntese,
com produção de grande quantidade de oxigénio, deu início ao chamado Fenómeno
da Grande Oxidação, mais conhecido por GOE (Great Oxidation Event), um dos
maiores causadores da evolução das rochas do planeta, com produção de minerais
oxidados (como a ferrugem, por exemplo). Mais oxigénio era igual a mais erosão,
maior produção de nutrientes, mais algas produtoras de oxigénio e por aí fora,
criando enorme diversidade de compostos inorgânicos. Este processo cíclico, em
alguns milhões de anos, mudou a superfície da Terra. Antes do GOE, contavam-se
pelos dedos os minerais com cobre, por exemplo. Hoje são mais de 600, incluindo
a azurite, a malaquite e a turquesa que não existiriam sem a vida.
Para não mastigar mais a
conversa, serve esta para dizer que o homem, com a sua habitual prosápia, vai dizendo que nunca ninguém antes modificou tanto o planeta como ele, com as
burrices ambientais que faz. Se estamos a falar só de burrices, é verdade. Se
falamos de todo o tipo de transformações, somos uns pixotes—o que mudámos na Terra
nos últimos 10.000 anos é nada, comparado com o que fizeram quatriliões de
bactérias, fungos, algas e rebabá ao longo de milhões. Pena é que façamos
tantas asneiras—não tudo, mas quase tudo que modificamos é para pior. Infelizmente.
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