sexta-feira, 30 de março de 2018

SOMOS O QUE SOMOS: VERDADE DE LA PALICE

..

Neste preciso momento, podemos estar a respirar oxigénio que já esteve no pâncreas de Júlio César, no fígado de Al Capone e/ou no rim de Napoleão; ou a deglutir carbono do cérebro de Einstein, do coração de Stalin, ou da unha do primeiro dedo do pé esquerdo de King Tut.
O nosso comportamento é determinado pelo modo como funciona a constituição biológica do cérebro — e não só — que, por sua vez, depende de como se organizam as moléculas com tão variadas origens, tudo para dizer que somos aquilo de que — e como — nos fizeram. Somos aquilo que queremos? Claramente que sim. Mas aquilo que queremos ser é condicionado pelo de que somos feitos e pela forma como fomos feitos. Uma trapalhada!
O número de moléculas existentes, na superfície do planeta Terra, é uma grandeza que, só de pensar nela, acaba connosco — melhor nem pensar! Dessa cangalhada, "tocaram-nos" umas tantas, organizadas com critério em que não fomos ouvidos nem achados, quer quanto às escolhidas, quer quanto à sua organização. Dizem-nos que esta nos permite escolher o que somos depois de feitos. Dentro de certos limites, é possível que sim; mas os limites são apertados, diria espartilhados. O que vai para além desses limites é responsabilidade de quem?
Acham que todos podem escalar o Everest? Ou descobrir a força da gravidade? Ou ir à Lua e voltar? Ou ser santo? Ou — ao contrário — cuspir na sopa e bater na avó? Claramente que não. Todo o comportamento tem valor relativo.
É claro que a sociedade tem direito de se defender e estabelecer regras. Mas tais regras são sempre contestáveis. E não vale a pena pensar que um dia teremos regras perfeitas, mesmo que cumpridas correctamente. Do ponto de vista teórico e ético, as leis valem pouco, mesmo as inspiradas e bem intencionadas. Temos de viver com aquilo que temos e isso é pouco. Muito pouco.

.

Sem comentários:

Enviar um comentário