.
.
António Costa não planeou com certeza o que se está a passar. No projecto ideal, nesta altura já teria tido eleições e a maioria absoluta, que lhe permitiria governar com as políticas que melhor servem os interesses do país e do Estado social. Mas, infelizmente para todos nós, começamos neste momento a receber os presentes envenenados de uma política de distribuição de dinheiro à custa dos serviços públicos, num Estado já de si muito frágil. [...]
Na realidade, há duas fases na atitude política de António Costa como Primeiro-Ministro e há um marco a separar essas fases — o discurso do Presidente da República a seguir ao incêndio que fez mais de 40 mortos, depois de outras grandes e muitas desgraças.
Antes da segunda grande catástrofe, Costa era o campeão da auto-suficiência, do optimismo, do sorriso trocista, do chiste, da insuportável ironia saloia. Depois — exactamente depois — do discurso de Marcelo, Costa murchou. Tal e qual: nunca mais o vi rir, nunca mais foi sarcástico com a oposição, nunca mais brincou com vacas voadoras, acabaram-se os chistes. Costa borrou-se com o discurso de Marcelo que julgava "ter no papo". Já aqui tirei o chapéu ao Presidente e volto a fazê-lo porque Costa nunca mais vai ser o mesmo enquanto Marcelo estiver em Belém.
Esta história — triste — deixou-me perceber duas coisas onde queria chegar: temos um Presidente que se está a sair melhor do que eu esperava e um Primeiro-Ministro que é um cágado. Tal e qual.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário