terça-feira, 14 de novembro de 2017

PENSÁMOS MAIS CEDO DO QUE PENSAMOS?

.


.
Um dos dados mais importantes, talvez o mais importante, na descoberta de como evoluíram mentalmente os antepassados do Homo sapiens é o conhecimento da história da linguagem, ou como ela chegou até à forma actual dos vários povos. Contudo o conhecimento dessa evolução — da linguagem falada, ou oral — é hoje impossível. A linguagem escrita, como muitas outras actividades deixou fósseis; mas a oral, não. E uma das fontes de informação mais produtivas sobre como evoluiu a mente humana, depois da linguagem, é o estudo das sepulturas, isto é, quando começou a sepultura dos mortos e de que forma era feita.
Para os antropologistas os rituais mortuários marcam o início da capacidade de pensar simbolicamente, o que confere o poder de transcender o presente, recordar o passado e visualizar o futuro. Um passo mental gigante a abrir caminho à imaginação, à criação e à modificação favorável do ambiente.
Vem a conversa a propósito da descoberta, em África, de túmulos do Homo naledi, uma inesperada mistura de formas antigas e actuais do Homo, com um cérebro bastante pequeno.
A ideia de que a cerimónia fúnebre é prática apenas do homem moderno, ou dos seus antepassados próximos, pode não ser correcta. O facto do microcéfalo H. naledi sepultar os seus mortos é contrária a essa ideia, o que põe em causa muitas outras convicções antropológicas actuais. Possivelmente, começámos a pensar mais cedo do que pensamos, passe a trapalhada — isto é, começaram alguns, porque outros ainda hoje não pensam 
— ou nem as pensam!
.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário