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Na Primavera de 1528, o explorador espanhol Álvar Núñez Cabeza de Vaca desembarcou no que é hoje o golfo da costa da Flórida e, nos oito anos seguintes, atravessou milhares de quilómetros e encontrou o que se pode dizer uma nova Babel, passando de uma língua a outra diferente a curta distância. No encontro com os nativos, a língua espanhola servia-lhe de pouco, mesmo nada, mas as mãos serviam de muito. Olhando para o que de Vaca deixou narrado sobre perguntas e respostas mútuas, pensar-se-á que falava a língua deles e eles a dele. Mas o explorador espanhol não é o único caso. Aqui e ali, agora e depois, descobridores europeus e povos nativos usaram os gestos como pontes culturais. E, muitas vezes, as mensagens continham informação complicada, como "se ficares connosco até amanhã, nós damos-te comida"; ou "naquela direcção encontras cabras e porcos grandes e pequenos"; ou ainda "ali há gente que come carne humana".
No Século 95 AC, o professor de Retórica romano Quintiliano escreveu: "embora os povos e nações da Terra falem uma multidão de línguas, todos usam a linguagem universal das mãos".
O médico inglês John Bulwer, num tratado escrito em 1644, considerava o gesto como o discurso natural no homem, o único que, em todas as regiões habitáveis, pode ser facilmente entendido. O gesto, dizia, teve a sorte de escapar à confusão de Babel. A conversa é gratuita, mas curiosa e com piada.
E dá para muita mais dissertação, especulação, contradição, exibição e confusão: aqui, só ficam cerca de 260 palavras; mas aqui pode ler 3.800! (tem um vídeo curioso, com legendas em inglês)
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