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[...] Falemos então de coerência. Nós temos uma solução de Governo que é a epítome da falta de coerência. Aliás, incoerência deveria ter no dicionário a seguinte entrada: «geringonça, Governo do PS apoiado por PCP e BE». Incoerência, na boca de PS, Bloco e PCP, é vitupério. Melhor fora que nem pronunciassem a palavra. Como é que o PS aceita ser Governo suportado por dois partidos radicais de extrema-esquerda que defendem a saída do euro, que abominam a iniciativa privada, que nacionalizavam toda a economia se pudessem e que se recusam a condenar Maduro pelo massacre dos venezuelanos?
Eu digo como: não em nome da coerência, certamente, mas em nome do pragmatismo. O PS queria ser Governo, António Costa queria ser
primeiro-ministro, enfiaram a coerência na mesma gaveta em que Mário Soares tinha enfiado o socialismo.
Habituados a sobreviver, os portugueses não se abalam muito com assuntos de coerência em abstracto. Ficam chocados, e com razão, com políticos como Ricardo Robles, que vituperava o capitalismo e era ele próprio um grande capitalista do imobiliário.[...]
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Sofia Vala Rocha in "SOL"
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