terça-feira, 7 de setembro de 2010

MISTÉRIO E EVIDÊNCIA

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Referi ontem o artigo de Tim Crane no New York Times, intitulado “Mystery and Evidence” e disse que voltaria hoje a ele. Considerava eu ser argumento forte do ateu o facto de Deus não se revelar inequivocamente, resultando tal em incontáveis religiões e mesmo na ausência de religião. Crane não considera isso relevante, mas refere características do Cristianismo difíceis de aceitar por uma mente com formação científica e raciocínio linear.
Por exemplo, a respeito da Ressurreição, diz não ser afirmação factual dos crentes, mas antes compromisso com uma certa forma de vida: nada que lhes interesse ser facto histórico ou não. Segundo o autor, a crença religiosa tolera grande margem de mistério e ignorância na compreensão do mundo. Quando o devoto reza e as preces não são atendidas, tal é contra a evidência da vantagem da oração. Se Deus não responde à oração, deve existir uma razão: há, de facto, muitas e complexas explicações, mas no fim a razão é uma – o mistério.
Chegado aqui, quero dizer que Crane não faz cavalo de batalha dos factos que refiro para justificar a condição de ateu. Fala deles em contexto diferente, e sem nenhuma intolerância. Pelo contrário, mostra-se intolerante para correntes de ateísmo que os valorizam em excesso. Mas é estranho que todas as revelações de Deus conhecidas tenham aspectos polémicos e sejam objecto de dúvidas, o que se traduz na dificuldade de aceitação geral.

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