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Explicar porque Monarquia é melhor que República, ou vice-versa, é como explicar porque perdiz é melhor que lampreia, ou vice-versa. Não há nenhuma racionalidade na explicação; há, isso sim, argumentos rebuscados para justificar uma opção que não tem nada de racional e é completamente do foro do subjectivo.
Não há justificação para condenar um regime, se ele produz resultados. As monarquias do Norte da Europa não podem ser rejeitadas por quem assiste ao que se passa na República da Grécia, do mesmo modo que não há justificação para condenar a República da Finlândia, se se pensa nas monarquias árabes.
O problema não é de regime, mas do modo como ele funciona; e há boas e más monarquias e repúblicas. É tudo; o resto é facciosismo de republicanos e monárquicos exaltados por sentimentos inferiores. Quando alguns patetas alegres falam de ética republicana, não têm noção do ridículo do que falam. Não há nenhuma ética privativa da República porque em boa verdade só há uma ética, que infelizmente falta em muitas repúblicas.
É madrugada de 5 de Outubro de 2010, e neste dia a República faz 100 anos em Portugal. Planeiam-se comemorações do acontecimento com pompa e circunstância e 10 milhões de euros para a corda do sino, como se houvesse dinheiro e grande coisa para comemorar. Não digo que não se assinale a data, mas com discrição era a forma sensata de o fazer. Na realidade, a República em Portugal tem sido um flop permanente, a começar pela pífia revolução que lhe abriu a porta . De 1910 a 1926, foi o que se viu: desordem e insegurança, arbitrariedade, crime, facciosismo, intolerância, e para compor o ramalhete, falência financeira e económica total. Só um regime totalitário com mão de ferro permitiu suster a ruína.
Tal mão de ferro caiu de madura quando morreu o prócere seu esteio. Era também República esse regime. Vieram então alguns fósseis da Primeira República, à mistura com militares ingénuos e tenros, e muitos oportunistas. Mistura péssima que ia dando com o burro na água. Depois de período agitado, estabeleceu-se a República em estado de completa tranquilidade. Trinta e seis anos depois, a Educação não funciona, a Justiça é motivo de escárnio e desprezo, a Defesa é só teórica, a Segurança Social degrada-se diariamente, a assistência na doença caminha a passos alargados para a inoperância, as Finanças vão assaltando à má fila os contribuintes, a falta de pudor do poder nos gastos é chocante, a situação financeira da Nação incluiu-a no grupo a que o estrangeiro chama depreciativamente PIGS, a Economia não funciona, o desemprego de novos e velhos não tem precedentes, e a corrupção tornou-se modo de vida.
Estávamos mal no fim da Monarquia? Talvez. Estamos agora melhor? Não. Alguma vez, desde a implantação do regime republicano, viveu Portugal sossegado, próspero e sem solavancos? Jamé!...
Pergunto: O que se festeja hoje?
PS – Em 27 de Setembro, o jornalista Octávio dos Santos publicou um artigo de opinião intitulado «Em 2010, “não” a 1910, “sim” a 1810!» que diz o que é preciso. Pode lê-lo clicando aqui.
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