quarta-feira, 6 de setembro de 2017

THE DESCENT OF MAN

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O homem, capaz de em grupo erguer cidades e criar culturas e civilizações, simultaneamente desencadeia a violência contra o semelhante e arruína o ambiente. Tem comportamentos imprevisíveis, dependentes da interacção individual, sendo que uns são condicionados pela força da virtude e outros pela força do mal. O resultado depende, quase exclusivamente, do número de indivíduos em cada lado.
Vistas as coisas assim, seria — e é — de esperar que quantas mais almas engrossarem o grupo dos construtores da paz, da justiça, da civilização, da cultura, da solidariedade e de todas as virtudes que fazem grandes as nações, mais provável é que elas se multipliquem. 
E aqui surge Charles Darwin e a Teoria da Selecção Natural quando invoca o apuramento dos seres mais aptos à sobrevivência da espécie, neste caso o Homo sapiens. Natural seria que muitos séculos de selecção humana já tivessem produzido cidadãos capazes de evitar a guerra e promover a paz. A realidade é que, há pouco mais de 70 anos, ainda foram usadas armas nucleares com os efeitos que se conhecem e existem hoje demasiados países com capacidade para as voltar a usar — não temos ouvido outra coisa nos últimos meses. Porque não funciona a Lei da Selecção Natural no apuramento de seres pacíficos?
No livro publicado em 1871, com o título The Descent of Man, Darwin escreve

[...] ‘He who was ready to sacrifice his life … rather than betray his comrades, would often leave no offspring to inherit his noble nature.’ The question then becomes, what kinds of conditions lead to the evolution of cooperative behaviour, when we would normally expect selfishness to prevail? [...],

o que significa, mais ou menos:

[...] "O que está pronto a sacrificar a vida... em vez de trair os camaradas, frequentemente não deixa descendência que herde a sua 
natureza nobre ". A pergunta então é, que tipos de condições levam à evolução de comportamentos cooperativos, quando é normal esperar que o egoísmo prevaleça?. [...]

Este é, segundo alguns, o núcleo do problema: os indivíduos darwinianos mais evoluídos são os mais ameaçados de extinção e a selecção não é benéfica à espécie, pelo contrário, funciona ao invés.
É uma tese discutível mas, como todas as teorias com perspectiva de muito longo prazo, difícil de refutar, tema de eleição para os filósofos da actualidade.

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