Miguel Sousa Tavares escreve bem — não admira porque tem a quem sair. Em matéria de conteúdo, tem dias: dias de dar na ferradura e dias de dar no cravo. Hoje, no Expresso, não falha uma no cravo.
A páginas tantas escreve:
[...] Ninguém em seu perfeito juízo pode imaginar que mesmo o ‘nosso’ Donald Trump, que partilha com Kim o penteado de palhaço (em versão McDonald’s), poderia ter o menor interesse em atacar, invadir, ocupar, esse absurdo país*. Ninguém, excepto uma entidade, igualmente original e rara: o Partido Comunista Português. O PCP — que, oficialmente, ainda não desistiu da tese de que não é certo que a Coreia do Norte não seja uma democracia — acha que o doente mental a norte do Paralelo 17 tem todo o direito de disparar mísseis sobre o Japão, fazer explodir bombas nucleares debaixo de terra e ameaçar atacar os Estados Unidos, tudo em legítima defesa e em nome da “paz”. Em todo o planeta Terra, não há mais ninguém— nem a China nem a Rússia, nem sequer Nicolás Maduro — que não esteja assustado com a ameaça nuclear do louco da Coreia. Só o nosso PCP é que vê ali um direito de legítima defesa e de resistência ao imperialismo ianque. E é o mesmo combate contra o imperialismo dos Estados Unidos que leva o PCP a alinhar-se com Nicolás Maduro, da Venezuela, um “democrata” que inventa um Parlamento paralelo para esvaziar de poder o Parlamento onde tinha perdido a maioria, que persegue a procuradora-geral que denunciou a manobra como um golpe, que cala toda a imprensa da oposição, que escolhe pessoalmente os juízes para o Supremo Tribunal e que enfia na cadeia todos os governadores que não alinham com ele. Um anti-imperialista que, depois de ter reduzido o povo à miséria, e para sobreviver, vende a preços de saldo a maior riqueza do país, a petrolífera estatal, à Rússia ou ao Goldman Sachs. O PCP está solidário com este malfeitor. [...]
*Coreia do Norte
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