domingo, 3 de setembro de 2017

TRÊS NARIZES E CINCO ORELHAS

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Em 1670, o holandês Antonie van Leeuwenhoek viu, através do microscópio, um mundo novo de seres numa gota de água. Seres aparentemente sem importância naquela época, mas que hoje sabemos causarem doenças, ou ajudarem a evitá-las, decomporem a matéria orgânica, estarem na base da cadeia alimentar e um ror de outras coisas que lhes permitem governar o mundo, apesar do homem se achar o centro do Universo. Era a biosfera sombra, e continua a ser para quem não a estuda e investiga; como a gravidade era antes da maçã cair na cabeça de Isaac Newton.
A biosfera que hoje conhecemos caracteriza-se, principalmente, pela presença de ADN — não tem ADN, não é vida. É uma posição filosoficamente discutível que enferma de um enorme viés. Quem nos garante que não há formas de vida sem ADN, alienígenas até? Nesse aspecto estamos como os cientistas estavam em relação à biosfera sombra antes de Leeuwenhoek.
Surpreendentemente, podemos estar rodeados de alienígenas com propriedades biológicas, e até físicas, que desconhecemos. E quando investigamos vestígios de vida fora da Terra, como fazem as sondas da NASA, não temos nenhuma garantia de que procuramos com método correcto.
A descoberta da microbiologia não terá sido mais inesperada que a descoberta de formas diferentes de vida seria nos dias de hoje. O homem já se abismou mais com coisas menores, como a máquina a vapor, do que se abismaria hoje com um ser alienígena sem ADN, eventualmente invisível, com três narizes e cinco orelhas.
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