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Einstein, em dia de inspiração — que eram quase todos — disse: A coisa mais incompreensível é que o Universo é compreensível. É uma grande e profunda afirmação que dá para pensar — quase um bitaite.
Na realidade, podemos hoje compreender, por exemplo, como se formam os buracos negros e "assistir" ao fenómeno a milhões de anos-luz de distância, coisa espantosa se pensarmos que a arquitectura do nosso cérebro, em linhas gerais, não difere muito da do homem primitivo da savana. Como conseguiu tal ferramenta chegar ao nível de conhecimento a que chegou?
É um mistério, porque tais cérebros — tão inspirados! — esbarram em problemas de lana-caprina, como o tratamento da constipação vulgar, por exemplo, apesar das numerosas investigações feitas nesse sentido, microbiológicas, epidemiológicas, imunológicas, farmacológicas e rebabá.
O problema é que a Física Atómica, a Cosmologia, a Astronomia, a Meteorologia e por aí fora, são muito mais simples que as ciências biológicas. A Biologia não pode ser reduzida a equações, ao contrário das ciências físicas e aí reside grande parte da dificuldade. Uma estrela, enorme que seja, é mais simples que uma bactérica de dimensão microscópica. Por outro lado, o cérebro humano tem limitações, apesar do que dizia Einstein; e apesar do cérebro de Einstein.
Tudo é feito, seja "complicado" ou não — florestas tropicais, furacões, sociedades humanas —, de átomos que obedecem às leis da Física Quântica. Mas as equações que explicam os átomos não resolvem o que os cientistas procuram.
Claramente, há aspectos que vão ter de esperar por uma inteligência pós-humana, seja lá como isso for, se alguma vez for. Ou, eventualmente, não — Galileu talvez dissesse o mesmo se lhe falassem em buracos negros e depois foi o que se viu.
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