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[...] Vão-me agora dizer que, por entre o turbilhão de escândalos que rodeou Sócrates do primeiro ao último dia de governo, os seus colaboradores e correligionários nunca repararam em nada, nunca desconfiaram de nada, nunca, ao menos, tiveram uma dúvida? E se repararam, desconfiaram e duvidaram, porque é que nunca se sentiram obrigados a esclarecer, a distanciarem-se? Porque o facciosismo os cegou? Porque o poder vale tudo, e estar no governo, com os jornais e as televisões a favor e as grandes empresas e bancos à disposição, é mais importante do que qualquer lei ou qualquer decência? O Partido Socialista não teve a infelicidade de ter um ou dois ministros corruptos. Isso pode acontecer a qualquer partido. O PS ter-se-á prestado, como disse Ana Gomes, a ser um "instrumento de corruptos e de criminosos", o que é diferente e sem semelhanças na política portuguesa. Os dirigentes socialistas precisam de provar que é possível confiar no PS outra vez. Era isso que deviam estar a discutir. Ter vergonha não chega.
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Rui Ramos in "Observador" (04-05-2018)
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