sábado, 2 de junho de 2018

ANTÓNIO ARNAUT

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Excerto de uma entrevista publicada no "Jornal i" em 2 de Dezembro de 2016:
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Deixou a política activa muito cedo. Porquê? 


… tenho uma formação muito exigente …. Eu deixei a política em 83 porque o poder económico começou nessa altura a querer mandar no poder político e começou a subsidiar as campanhas … percebi que havia uns fumos no ar … fumos de corrupção. E eu pensei: “Isto não é para mim, eu estou aqui deslocado”. Fui-me embora.
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Voltou a ser advogado …
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Passei uma transição difícil …. Sobrevivi à custa do ordenado da minha mulher que era professora primária … até um lote de terreno que tinha aqui em Coimbra tive que vender ….
… E o Mário, que era primeiro-ministro … disse-me: “Tu não precisas dessas privações. Tu vais para a administração de uma empresa pública … não estou a fazer-te nenhum favor … vais prestar um serviço ao país porque onde tu estiveres eu estou descansado”

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E não aceitou …

Eu fiquei indignado porque não compreendi bem que ele estava a querer ajudar-me e disse-lhe que não me vendia.
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Previa aquilo que aí vinha …
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Previa. A corrupção tinha começado e quando começa é como uma epidemia e não há propriamente vacina. Só a denúncia pública.

Quem não tem dinheiro não pode aspirar a desempenhar um cargo público. Aqui em Portugal tem que ter caciques para angariar os votos.
Quando o poder económico começou a subsidiar as campanhas estabeleceu-se aquele sistema de vasos comunicantes que depois foi alargando e hoje realmente é terrível. É uma chaga no corpo dorido da democracia.
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