[...] Amanhã, 28 de Julho, também faço 50 anos. Excepto manter-me vivo, não fiz muito por isso: os anos foram aparecendo feitos, pé ante pé, todos alinhadinhos e sempre mais furtivos e ligeiros. É impressionante que a crescente rapidez dos aniversários contraste com a progressiva lentidão do aniversariante. A rapidez, aliás, não é apenas impressão. À medida que se acumulam, os sacanas dos anos tornam-se de facto fugazes, e curtos, dado que cada um representa uma porção cada vez menor da nossa existência. Devagarinho, chega-se aos 20. Para os 30 é um salto. Num instante, chega-se aos 40. Aos 50 nem se chega: chegam eles, de repente e sem pedir licença. [...]
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Isto escreve Alberto Gonçalves, provavelmente o mais odiado ― pela esquerda― jornalista da direita e um dos mais divertidos.
A prosa, além do humor, está correctíssima e não tem contestação. Mas Alberto, em matéria de tempo e da sua passagem uniformemente acelerada, com 50 anos é um aprendiz. Anos virão em que a aceleração da velocidade aumentará sem freio e todos cantamos como o falecido António Mourão.
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