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Não está fácil a vida dos ditadores em fim de carreira como Mubarak. Os exílios dourados em Canes, junto a um lago da Suíça, ou na América do Sul, é chão que deu uvas. A sanha dos defensores dos direitos humanos e dos investigadores de actividades financeiras ilícitas, o péssimo hábito de os entregar aos tribunais internacionais, como aconteceu a Milosevic, e o estigma para o país de acolhimento por dar guarida a um chefe de estado convertido em persona non grata, estão a acabar com a tranquilidade do fim das ditaduras. Ben Ali fugiu há dias da Tunísia e já está embrulhado, com contas bancárias congeladas na Europa e mandatos de extradição da Interpol.
A técnica é deixar no poder alguém com capacidade para neutralizar tais eventualidades e, mostra a experiência, as pessoas dos serviços de informação são as que melhor se saem nessa espinhosa tarefa. Boris Ieltsine, quando abandonou o poder para se passear entre Moscovo e a Riviera Francesa, teve o cuidado de o entregar a Putin com o compromisso de o Estado Russo usar toda a sua máquina para evitar uma coisa dessas. Mubarak tenta promover Suleiman com o mesmo propósito. Não vai ser fácil porque ninguém dá muito pela sobrevivência política do ex-chefe dos serviços de espionagem.
Em boa verdade, as coisas não estão fáceis para Mubarak. Quando sentar o rabo num jacto, a caminho da Arábia Saudita provavelmente, os problemas não estão encerrados: vão começar nesse momento.
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