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[...] O debate histriónico FMI entra/não entra é um exercício de anti-retórica política de fuga à realidade. Portugal já está a ser ajudado. O BCE detém 15% da nossa dívida pública. (quin-ze-por-cen-to!) e as suas equipas andam nos ministérios de Lisboa. Há pressões para Portugal apressar o pedido de ajuda, como ontem de manhã este jornal noticiou e a Reuters à tarde revalidou. E José Sócrates, que nos jornais estrangeiros vai sendo a face da nossa figura ridícula, fará como Mubarak: na véspera de tudo correr mal, continuará a dizer que tudo corre bem. [...]
[...] O debate histriónico FMI entra/não entra é um exercício de anti-retórica política de fuga à realidade. Portugal já está a ser ajudado. O BCE detém 15% da nossa dívida pública. (quin-ze-por-cen-to!) e as suas equipas andam nos ministérios de Lisboa. Há pressões para Portugal apressar o pedido de ajuda, como ontem de manhã este jornal noticiou e a Reuters à tarde revalidou. E José Sócrates, que nos jornais estrangeiros vai sendo a face da nossa figura ridícula, fará como Mubarak: na véspera de tudo correr mal, continuará a dizer que tudo corre bem. [...]
[...] Há dias uma empresa 100% do Estado tentou emitir dívida. Foi a Refer que foi ao mercado com cinto e suspensórios: é do Estado, tinha garantia do Estado e pagaria mais 90 pontos-base do que o Estado. Fracassou. É preciso alerta mais flamejante? Se a PT, a EDP e a Cimpor conseguiram emitir dívida nas últimas semanas foi porque são cada vez menos portuguesas. Mas olhe os bancos: nem tentam. [...]
[...] Bom, acorde e cheire a realidade. Estamos à mercê da ajuda, decisões e ordens da Comissão Europeia e da Alemanha. Seremos salvos mas pagaremos – e ficaremos com o estigma. Troque três letras: não é FMI, é BCE. O resto é conversa fiada. Digo bem: fiada, muito fiada, impossivelmente fiada.
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Pedro Santos Guerreiro in "Jornal de Negócios"
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Pedro Santos Guerreiro in "Jornal de Negócios"
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