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Há 3 milhões de anos, os nossos antepassados já não subiam às árvores e passeavam-se em dois pés apenas. E porque digo eu isto, assim de supetão, numa altura em que outros acontecimentos de interesse mundial ocorrem, v.g. a queda iminente de Hosni Mubarak no Egipto e as eleições no Sporting em futuro próximo? Digo porque uns senhores, e sobretudo uma senhora, analisaram um fóssil do quarto metatarso do pé esquerdo de um exemplar do Australopithecus afarensis e chegaram à conclusão que o nosso avô tinha duas curvaturas no pé, uma no sentido antero-posterior, e outra no sentido transversal, característica fundamental para a marcha e sem qualquer interesse, antes pelo contrário, para subir às árvores.
Quer dizer, há 3 milhões de anos era assim mas, há 4 milhões, não era. O Ardipithecus ramidis encontrado na Etiópia, que viveu mais ou menos por essa época, ainda era um bípede em part time. Tinha um pé a meio caminho entre o chimpanzé e o homem actual. De vez em quando, dava uma subidela aos galhos, para comer ou para dar de frosques quando aparecia o leão, que nessa altura ainda não estava em Alvalade e não tinha SAD. Fora disso, fazia a sua passeata a duas rodas, como um senhor – ou senhora, naturalmente.
Perguntar-se-á porque o Australopithecus afarensis se deixou de acrobacias aéreas e passou a andar “com pé”, como diziam os timorenses. Provavelmente, porque viveu em região com pouca ou nenhuma comida nas árvores, ou até sem árvores, e a capacidade de trepar não servia para nada. Pelo contrário, a possibilidade de correr atrás das presas e usar as mãos simultaneamente para caçar era muito mais importante. A utilização das mãos durante a marcha e corrida é uma característica importantíssima para o homem, excepto no futebol, única actividade em que é proibida. Terá o futebol sido inventado no tempo do Ardipithecus ramidis? Se foi, fica explicada muita coisa que anda por aí!
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Na fotografia da direitaa vê-se o esqueleto de um pé humano actual e o quarto metatarso do fóssil de um A. afarensis.
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