.
A parte mais importante do meio dos micróbios é, exactamente, o conjunto dos outros micróbios — é verdade! A sua carreira evolutiva fez-se, globalmente, para adaptação ao meio microbiano e não ao macrobiano. Há milhares de milhões de anos que interagem uns com os outros, numa guerra surda que escapa ao nosso egocentrismo. O parasitismo do homem é um pormenor despiciendo na vida microbiana, mesmo tendo ocorrido alguma adaptação de uma minoria a esse parasitismo.
A ilustração clássica do referido é constituída pela descoberta da penicilina por Fleming, porventura um dos maiores achados da Medicina moderna. Fleming observou que numa cultura de fungos Penicillium, acidentalmente contaminada por bactérias, estas não cresciam em halos em volta das colónias do fungo — o Penicillium produziria algum produto capaz de liquidar as bactérias, produto que viria a ser identificado e chamado penicilina, originalmente arma de uma guerra microbiana.
Portanto, e globalmente, o Homo sapiens é um alvo secundário e desprezível para o mundo microbiano. Só a nossa farronca e ignorância nos coloca no centro da vida, vida essa onde nem as bactérias nos consideram grande coisa.
.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário