sábado, 22 de julho de 2017

NA PRÁTICA A TEORIA É OUTRA

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Abre-se o jornal e lê-se:
Alzira Costa é a 65.ª vítima do incêndio de Pedrógão Grande: foi atropelada quando fugia do fogo, mas por não ter morrido vítima de consequências directas do incêndio - por queimaduras ou inalação de fumo - não consta da lista oficial compilada pelas autoridades ("Expresso").

Esta não lembraria a Nicolás Maduro. Vítimas por queimaduras e inalação de fumo contam. Vítimas por outras causas, como atropelamentos, quedas, desastres de viação para escapar ou acorrer ao fogo e por aí fora não contam — ocorreriam, mesmo que não houvesse incêndio, deduz-se. Dizem que há mais!
Os portugueses estão habituados a que o Governo meta os pés pelas mãos e já não estranham muito — vd. "Mistério de Tancos". Costa é o que no Brasil chamariam um cara de pau, mas não um pau qualquer — pau-ferro, talvez. Hoje, interrogado sobre a matéria, declarou urbi et orbi: "Creio que isso já está tudo esclarecido pela Autoridade Nacional de Protecção Civil e pelo Ministério da Justiça" — ponto final, parágrafo, nova linha.
O que faz reflectir é a razão porque o Governo procura minimizar as consequências da tragédia de Pedrógão Grande. Tal postura — defensiva? — dá azo a suspeitas de que tem algum peso na consciência. Terá? Não foi o Ministro Santos Silva, nem o Ministro Azeredo Lopes que foram lá atear o incêndio, seguramente. Então porquê o recato e a preocupação de encerrar o processo rapidamente.
O Governo tem consciência de que as medidas tomadas na hora — e sobretudo fora de horas — naquela tragédia foi uma série de fífias imperdoáveis. Não só houve falhas inesperadas nos equipamentos, como falta de coordenação das operações dos bombeiros que fizeram o melhor possível naquela situação.
O Governo procura minimizar e pôr uma pedra sobre o desastre porque sabe que ele é um exemplo flagrante da sua falta de eficiência, organização, competência, credibilidade e rebabá. São todos, ou quase todos, treinadores de bancada — um conjunto de teóricos que ainda não percebeu que na prática a teoria é outra.
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