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Suponha que um belo dia acorda e recebe a informação, através dos media, de que foi descoberta vida extraterrestre. Não falo de vida inteligente, mas uma qualquer forma de vida, tipo bactérias ou vírus, ou coisa assim ― já se percebeu na Terra que por aí se pode chegar a formas superiores em complexidade como o homem actual.
Aliás, tal descoberta não teria no imediato ― e, neste caso, o imediato podem ser milénios” ― consequências materiais, sociais ou políticas. O impacto seria enorme, mas quase exclusivamente teológico, filosófico e científico. E apresso-me a dizer que o primeiro, a que podemos também chamar religioso, seria eventualmente o menos relevante. Admitir que um Deus, que criou uma Terra, criou outras coisas parecidas é fácil de aceitar.
Já sob a perspectiva filosófica não podemos dizer o mesmo. É posição desta que Deus, ou a natureza, não criam nada em vão. E, a ser assim, porque usariam recursos para gerar conjuntos, sistemas, estruturas, geringonças, ou o que se lhes queira chamar, “lado a lado”, diferentes, mas com o mesmo fim?
Do ponto de vista científico é difícil admitir que, existindo seres vivos inteligentes no Universo, em número inimaginável e potencialmente capazes de deixar as suas “impressões digitais” no espaço, nós ainda não tenhamos sido capazes de as detectar; nós que já enchemos o Sistema Solar de lixo astronáutico, visível desde as profundezas do Inferno.
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