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O seu actual mentor , o empresário John Brockman, formula anualmente uma pergunta a grande número de cientistas, intelectuais e artistas e divulga as respostas entre Novembro e Dezembro. A pergunta deste ano - A Internet está a mudar seu modo de pensar? - foi comentada no Fórum Internacional da Edge Foundation.
Muito se disse ali, não vou transcrever tudo, mas há algumas ideias que vale a pena referir porque são curiosas. Face ao desenvolvimento da Net, o ex-editor da revista científica New Scientist, Alun Anderson, deu uma curiosa imagem ao comparar a situação dos jornalistas do futuro com os actuais limpa-chaminés.
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O biólogo evolucionista Richard Dawkins tem a Internet na conta de "uma das maiores realizações da espécie humana", mas desconfia da precisão das informações veiculadas na rede e receia que navegar por ela seja viciante e, muitas vezes, uma prodigiosa perda de tempo por encorajar o hábito de saltar de tópico em tópico, em vez de explorar uma coisa de cada vez.
John Markoff, do New York Times, confessou-se pessimista com o estado actual da Internet. "Transformou-se num reflexo das misérias do mundo, um ambiente dominado por russos, ucranianos, nigerianos e outros traficantes de vírus e spams e ladrões de senhas”.
O director de teatro Richard Foreman compara a Internet à maçã do Genesis, o fruto proibido do saber. Já a mordeu, ressalta, mas tem certeza de que não viverá o bastante para descobrir se ela, afinal, nos levará ao paraíso ou ao inferno.
A consultora da Apple Linda Stone já se sente no inferno: "A Internet roubou o meu corpo, que hoje é uma forma sem vida, curvada diante de um monitor".
No mesmo tom, o físico e cientista de computação W. Daniel Hillis teorizou: "Se o
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O neurocientista Brian Knutson suspeita que a Internet acabe a impor um novo darwinismo, um novo tipo de selecção natural, não dos mais fortes, mas dos mais atentos, dos que possuem maior poder de concentração e filtragem de dados.
O russo Evgeny Morozov criou a expressão ciberlumpenproletariado, na qual enquadra todos os engolidos pelo tufão dos sites de fofocas, dos vídeo-jogos idiotizantes, dos blogs populistas e xenófobos e das redes sociais dominadas por bullies e cretinos.
Não foi um coro de loas à rede, mas foi um acontecimento estimulante pela acutilância dos pontos de vista, pela ironia inteligente de algumas intervenções, e pela chamada de atenção para o calcanhar de Aquiles do mais vasto e completo meio de comunicação planetário.
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