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Onde entro em conflito com a filosofia da Ecologia Profunda é em lugares como a América Central rural ou na fronteira agrícola da Amazónia Equatorial – lugares onde os próprios seres humanos vivem no limite da sobrevivência. Nunca tentei dizer a um agricultor latino-americano que não tem o direito de queimar a floresta para cultivar a terra porque as árvores e a vida selvagem têm tanto valor inerente como ele e os seus filhos. Como antropologista e pai, não estou preparado para fazer tal trabalho. Podem chamar a isto o dilema da Ecologia Profunda face ao mundo em desenvolvimento.
O dilema é de certo modo mitigado pelo conhecimento de que o agricultor no mundo em desenvolvimento provavelmente aprecia o valor da floresta e da vida selvagem muito mais que nós, na sociedade dos fornos de microondas, aviões, e dinheiro de plástico. O agricultor do Terceiro Mundo reconhece a sua dependência da diversidade biológica porque tal dependência é muitíssimo visível. Sabe que a vida dele depende dos organismos vivos que o rodeiam. Da diversidade biológica que forma o seu ambiente natural, tira a fruta; animais selvagens como fonte de proteínas; fibras para o vestuário e cordas; incenso para cerimónias religiosas; insecticidas naturais; venenos de peixes; madeira para fazer casas, mobílias e canoas; e plantas medicinais para tratar dores de dentes e mordeduras de cobra.
Há povos indígenas nalgumas partes do mundo com um apreço pela diversidade biológica que envergonham os nossos conservacionistas teóricos. [...]
Este é o início do Capítulo 8 de um livro chamado Biodiversity, cuja capa se vê ao lado. É um texto curiosíssimo, como é, aliás, todo o livro. Ao lê-lo, comprendemos melhor que a conversa da conservação da biodiversidade não é tão exagerada e negligenciável como muitas vezes pensamos.
Os interessados chegam ao texto original completo do capítulo NESTE LINK .
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