quarta-feira, 5 de julho de 2017

EU, NEPOTISTA, ME CONFESSO

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Carlos Fiolhais escreve hoje no "Público" um artigo que deve ser lido.
Começa assim:

Portugal é um país sem protecção. Sem protecção civil, como se viu no grande incêndio de Pedrógão Grande de 17 de Junho. E sem protecção militar, como se viu no roubo de material de guerra dos paióis de Tancos na semana passada. À semelhança de muitos portugueses sinto-me desprotegido. [...]

Termina assim:

[...] À hora em que escrevo ardem florestas em Abrantes e Tomar e o risco continuará a aumentar em consequência das alterações climáticas. O governo não esteve à altura, como já não estiveram outros governos de outra cor, noutros anos, e receio que continue a não estar. O que fazer? Dou duas sugestões. Primeiro, invistam na descentralização, coloquem por exemplo a Autoridade Nacional de Protecção Civil em Leiria ou Coimbra, tirando-a de Carnaxide. Segundo, tornem a protecção civil independente dos partidos: não façam razias sempre que muda um governo só para dar uns “jobs for the boys”. Eu quero ser protegido.
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Tal e qual! Por estranho que pareça, os políticos perderam a noção da realidade, além da vergonha — se alguma vez a tiveram. Vivem num mundo tolerante com atitudes inaceitáveis de nepotismo, que reconhecem mas praticam porque chegaram à conclusão que reina a impunidade. E, já que têm a fama, querem o proveito. Para simplificar, pode dizer-se o que pensam: "Com a fama posso eu bem, uma vez que não tem consequências; e quanto a proveito, ou tenho agora, ou não tenho".
A ética, salvo louváveis excepções, é coisa para artolas, sem futuro na política — gente que não sabe viver. É assim: a César, o que é de César e à família de César tudo que César puder agarrar. Não será bonito, mas é bom. Afinal, é uma gota no grande oceano do compadrio e não sou eu quem vai mudar as coisas!
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