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.Rui Ramos termina hoje a sua crónica no "Observador" como segue:
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[...] Este governo e a sua maioria investiram no esvaziamento político do país. Não procuram adesões por idealismo, mas conformismo por interesse. É só assim, de resto, que os seus promotores podem conceber esta solução de governo. As divergências de filosofia e de orientação não lhes permitem definir um objectivo para além da sobrevivência imediata. Estão condenados a gerir o status quo, esperando que tudo corra bem, e a deixar acumular os problemas, esperando que tudo comece a correr mal o mais tarde possível. O problema é que qualquer adversidade, como vimos no mês passado, tende a expor os limites do governo. E a questão é esta: a confirmar-se o seu descrédito, até quando a actual maioria, mesmo querendo, conseguirá transportar um cadáver que acabará por os contaminar a todos?.
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Não li, até hoje, nada que melhor caracterizasse a "geringonça". Aquilo, em boa verdade, não é uma coligação: é um arranjinho — variação a três (os verdes não contam) da clássica relação binária mulher/proxeneta; ou PS/apêndices canhotos. Neste caso, a mulher, espartilhada pelo colete de Bruxelas, não tem muito para oferecer aos parceiros da relação; mas garante-lhes uns "trocos" de poder, mais virtual que real. E estes, que nessa matéria, não têm onde cair mortos, adormecem embalados na ilusão de que têm uma palavra a dizer, capaz de contrariar Schäuble que lhes deve achar imensa graça.
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