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.Embora sem descurar a habitual concentração de intrujices, descaramento e prepotência, existem sinais nítidos de que o PS decidiu deixar-se de meias medidas e começar a gozar abertamente com o pagode.
As frases que se seguem são recentes, aleatórias e reveladoras. Primeiro, surgiu a Paris Hilton indígena, Pedro Silva Pereira, a explicar os mortos de Pedrógão Grande com as falhas na concepção rodoviária: “Se a estrada não existisse, as pessoas também não teriam morrido ali naquela estrada”. Depois, veio o ministro da Defesa desvalorizar o assalto de Tancos mediante informações alusivas ao “ranking” continental da incompetência (e a assumir posição destacada no “ranking” ocidental da falta de vergonha): “Não foi a maior quebra de segurança deste século em toda a União Europeia”. De súbito, apareceu o demissionário secretário de Estado dos Assuntos Fiscais a jurar ser vulgaríssimo aceitar presentes de uma empresa que recusa pagar 100 milhões em impostos: “Não cometi um acto ilícito”. Por fim, entrou o primeiro-ministro, que retomou o episódio das armas para garantir que, afinal, o exército português não se deixou roubar por gangues organizados ou grupos terroristas, mas por uma junta de palermas que não distingue um perigoso arsenal de um armário de pechisbeques: “Este acontecimento não (terá) qualquer impacto no risco da segurança interna e designadamente associação a qualquer tipo de atividade terrorista nacional ou internacional”.
Tudo somado, eis um facto novo. Embora sem descurar a habitual concentração de intrujices, descaramento, inépcia e prepotência, existem sinais nítidos de que o PS decidiu deixar-se de meias medidas e começar a gozar abertamente com o pagode, perdão, a população que o sustenta. Não admira que, no deprimente Estado da Nação, o dr. Costa trocasse o esgar satisfeito que o costuma acompanhar pelas gargalhadas próprias dos impunes. Os socialistas não riem com os portugueses: riem deles. E quem diz os socialistas diz os respectivos parceiros de aliança, fora as clientelas felizes, os avençados do “comentário” e a excelência que habita Belém. [...]
Nota de rodapé:
Não sei bem o que é a Altice e, francamente, não quero saber. Basta-me a noção de que é uma empresa de comunicações, comprou a TVI e está a irritar imenso o poder e seus acólitos. Quando, num momento boçal sem grandes precedentes na História Universal da Boçalidade, o dr. Costa aproveita o debate do Estado da Nação para culpar a Altice pelas falhas de comunicação nos incêndios e afirmar que usa a “rede” de uma concorrente, percebe-se o medo desta gente em perder um fiel veículo de propaganda. E percebe-se a espécie a que pertence o dr. Costa. E percebe-se a que fosso desceu a nação.
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Alberto Gonçalves in "Observador"
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