terça-feira, 8 de agosto de 2017

O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO

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[...] Um ano depois veio a revolução por que ansiavam os sonhadores dos ‘amanhãs que cantam’, e logo o aparelho capitalista começou a ser desmantelado: ‘a terra a quem a trabalha’, ‘abaixo os latifundiários, os banqueiros e os capitalistas’, ocupação das terras e das empresas, saneamento dos ‘fascistas’, assim rotulados para justificar a purga.
Tarde demais se percebeu que, na implantação do caos, estava a raiz do plano urdido pelo PCP para evitar a realização das eleições livres prometidas pelo MFA. Tanto que, com a aproximação da data marcada para as eleições, a luta endureceu e os acontecimentos precipitaram-se: 11 de Março, nacionalização de empresas dos setores base da economia, ‘verão quente’ e, em outubro, o cerco à Constituinte, que foi a derradeira tentativa para paralisar os trabalhos da Assembleia.

Aprovada a Constituição – com o voto a contragosto do PCP, tornado inevitável – começou a fazer-se o apuramento dos resultados do desvario de dois anos de ‘feroz combate ao capitalismo’: a destruição do tecido industrial do país! Dois anos tinham bastado para reduzir a escombros todo o Grupo CUF (117 sociedades, 130.000 trabalhadores), e empresas do porte da Siderurgia, da Lisnave, da Setenave, da Sorefame, da Cometna ou da Mague. Nos arquivos dos jornais há fotografias que mostram Álvaro Cunhal e Vasco Gonçalves a discursarem nestas mesmas empresas, apelando à autogestão.

Atirados para o desemprego, metalúrgicos, metalomecânicos e químicos transformaram-se ora em camponeses das cooperativas agrícolas e das UCPs, ora em figurantes nas manifs, vestidos de metalúrgicos, de camponeses, de operários da construção civil ou, mesmo, de militares. Como por milagre, apareceram uns 30.000 SUV (‘soldados unidos venceremos’), com fardas surripiadas nos quartéis ou compradas na Feira da Ladra. [...]
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Filipe Pinhal in "Sol"
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