A piada tem humor—embora negro—e ilustra um fenómeno psicológico comum no dia a dia que é o tipo de explicação dada a outras pessoas quando nos pedem uma informação. No caso relatado, as personagens não estavam a interpretar a conversa da mesma maneira. Embora as coisas tenham sido levadas até ao absurdo, o comportamento do caçador não esteve completamente fora do discurso do operador.
Por exemplo, quando damos informações sobre a localização
duma rua, ou loja, centro comercial, blá, blá, blá, habitualmente a
descrição do trajecto só servia se o interlocutor soubesse coisas que nós
sabemos e ele desconhece. Referimo-nos à loja do chinês não identificável
facilmente, ou à rua à esquerda quando há várias ruas à esquerda, ou ao
quiosque que não tem nenhum aspecto de quiosque e por aí fora. O exemplo típico em Portugal é a sinalização nas
estradas dos acessos a determinados locais, muito clara para quem conhece a região,
mas totalmente opaca para quem não conhece. Tais indicações deviam ser feitas
por quem não reside na área.
O fenómeno referido, característica psíquica chamada
coloquialmente "maldição do conhecimento", consiste em não nos
apercebermos do modo como as pessoas que não conhecem determinado aspecto do
mundo—que nós conhecemos—vêem esse aspecto. Explicações como "a meio dessa
rua", ou "junto da pequena porta vermelha", fazem todo o sentido
para nós, mas não para quem não conhece a zona. E é aqui que reside o segredo
do bom professor—explicar sabendo o que se passa na cabeça do aluno, ou seja, evitando a "maldição do conhecimento".
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Tema interessante que pode ser lido com mais pormenor aqui.
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