Um dia destes, porque estava distraído e perdi a consciência do perigo que é para a saúde mental assistir a mesas redondas na televisão, ouvi um patego cujo nome não digo porque já lhe chamei patego, mas que é director de um jornal muito lido, falar dos distúrbios junto da Assembleia da República no passado dia 14. O referido patego, perdão, director do jornal dissertava sobre o comportamento da polícia em tal evento sócio-arruaceiro-político e dizia, do alto da sua autoridade jornalística, com o conhecimento técnico daí decorrente, que a polícia não tinha agido bem. Pronto: não tinha agido bem.
Interrogado sobre a razão de tal afirmação, explicou que era fácil, com os agentes infiltrados entre os manifestantes, cercar os arruaceiros, levá-los pela coleira até à "ramona" da polícia, e deixar os restantes basbaques, que não apoiavam de maneira nenhuma aquele despautério, a olhar disciplinada e pacificamente para as forças da ordem e seu garbo, empunhando o bastão para enxotar as moscas—porque as há, e muitas, em S. Bento—e o escudo como guarda-vento.
O mais surpreendente é que o supracitado patego falava
assim com ar de quem acreditava no que estava a dizer—além de director de um
jornal, é também especialista em táctica policial. Um espanto!
O patego e a sua pretensiosa irresponsabilidade não
interessariam muito não fosse o facto de ser um ícone da pretensiosa
irresponsabilidade de tantos que peroram nas televisões e "fazem a cabeça"
dos telespectadores, escrevem nos jornais e "fazem a cabeça" dos
leitores, e falam na rádio e "fazem a cabeça" dos ouvintes. Uma
lástima!
.
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